O clima esquentou na Comissão de Agricultura da Câmara, onde o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, participa de audiência pública para discutir o embargo da União Européia (UE) à carne bovina brasileira. Logo após a apresentação inicial do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), o ministro disse ironicamente que só podia "aplaudir" o discurso do deputado, pois não havia, nas palavras do deputado, fundamentos técnicos. "Eu prefiro o senhor como médico do que como defensor dos pecuaristas", afirmou Stephanes, que pediu respeito ao deputado Caiado.
"O senhor era um menino quando eu visitava as fazendas de sua família", continuou Stephanes. O deputado Caiado reagiu imediatamente e disse que se o ministro não tinha condições de responder de forma técnica as indagações feita por ele, "que não viesse com ataques pessoais".
Stephanes rebateu e afirmou que estava há seis anos na Câmara e que entendia as colocações políticas de Caiado. Segundo o ministro, não cabe a ele investigar se os frigoríficos são desonestos, como foi apontando por Caiado durante sua apresentação inicial, que tratou segundo ele, da "máfia da carne". Caiado, então, disse ao ministro: "vossa excelência é um pára-quedista".
Durante sua apresentação, o deputado acusou o governo de fazer várias ameaças aos pecuaristas e disse que a arroba está sendo negociado por cerca R$ 75 em alguns Estados, valor considerado bom mesmo com a restrição da UE. Segundo Stephanes, o governo já sabia que o preço do boi gordo no mercado interno não iria cair, mesmo com o embargo da UE. Stephanes também afirmou que o deputado não poderia falar sobre o trabalho do Ministério da Agricultura, sem conhecer os fatos.
Os ânimos só se acalmaram porque o presidente da comissão, Onix Lorenzoni (DEM-RS), pediu calma ao ministro e ao deputado. E estabeleceu que um não poderia interromper quando o outro estivesse falando.
Durante sua apresentação inicial, o deputado Caiado defendeu o rompimento das relações com a UE e sinalizou que o Brasil não precisa daquele mercado. O ministro rebateu a declaração e informou que se é um desejo romper com a UE, que o deputado "estabeleça o ato e assuma as responsabilidades". Ainda segundo Stephanes, o tema da exportação de carne bovina precisa ser tratado de forma técnica e científica. O ministro também citou seu currículo para dizer que não podia admitir as acusações do deputado Caiado.