Em discurso ontem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel – durante a 6ª Jornada de Agroecologia, promovida pelo Movimento dos Sem-Terra e Via Campesina -, João Pedro Stédile, um dos principais líderes do MST, disse que o latifúndio deixou de ser o principal inimigo do movimento. Ele elegeu outros adversários: empresas transnacionais, o agronegócio e o governo Lula, na luta pela reforma agrária e mudança do modelo econômico.
"Antes era o latifúndio, agora são as empresas transnacionais que exploram as nossas riquezas e levam para fora do País", afirmou Stédile, referindo-se a multinacionais como Cargil, Bünge e Monsanto. Segundo ele, as empresas que dominam o agronegócio brasileiro enviaram para o exterior cerca de US$ 4 bilhões entre janeiro e junho, enquanto a reforma agrária necessitaria de US$ 1 bilhão para ser executada pelo governo. De acordo com o MST, existem 4 milhões de famílias sem-terra no Brasil. A maioria, segundo o movimento, vive em acampamentos precários.
Para Stédile, a reforma agrária no governo Luiz Inácio Lula da Silva está muito longe da expectativa dos movimentos sociais. "O MST se iludiu com o Lula porque ele não manda nada, vive viajando. Quem manda nesse País são os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Por isso, a reforma agrária não avança.
Para ele, o Estado fez uma "aliança" com o agronegócio e cria leis para protegê-lo. "O Lula fica quieto porque recebeu dinheiro de campanha das empresas transnacionais", acusou.
Stédile admitiu que o MST vive um momento adverso, mas garantiu que o movimento não abandonará a luta pela mudança na política econômica, a qual, segundo ele, é o principal entrave da reforma agrária do governo Lula. "Vamos continuar as ocupações de terra."