O prefeito eleito João Doria (PSDB) planeja transformar o Jockey Club de São Paulo e o Campo de Marte em novos parques municipais. A ideia é negociar a abertura de ao menos parte dos espaços à população, paralelamente à realização de corridas de cavalo e à operação de heliponto. Após viabilizada, a gestão de ambos os equipamentos será repassada à iniciativa privada, por meio de concessão.

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No primeiro caso, o tucano pretende colocar o negócio de pé com base em uma proposta de abatimento da dívida de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) que o Jockey tem com a cidade. Segundo a instituição, o débito é estimado hoje em R$ 80 milhões. No segundo, o plano projeta um acordo com a União para devolução de uma porção do terreno, que é municipal. A proposta já foi apresentada por Doria ao presidente Michel Temer na terça-feira.

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Se o governo federal der o aval para o projeto no Campo de Marte será o fim de um imbróglio que dura anos. Em 2013, o atual prefeito Fernando Haddad (PT) pediu à Aeronáutica a retirada da chamada “asa fixa” do aeroporto, eliminando, assim, a operação de jatinhos e mantendo apenas o heliponto. A alteração liberaria espaço não só para a criação de um parque, mas também para a construção de torres residenciais ou comerciais no local.

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A área do Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, equivale a dois parques do Ibirapuera.

Estima-se que um novo espaço público ali possa ter de 200 mil a 500 mil m². Mas a desativação parcial do aeroporto não é questão fácil. Depende da transferência da aviação executiva para outras regiões da capital ou até mesmo para cidades próximas. Uma alternativa a ser considerada é o incentivo à construção de um aeroporto em Parelheiros, na zona sul de São Paulo, como já aventado no Plano Diretor em vigor.

Em funcionamento desde 1920, o aeroporto do Campo de Marte é o quinto maior do País em movimento operacional. São mais de 130 mil pousos e decolagens e cerca de 430 mil passageiros/ano. Além de Parelheiros, outros substitutos possíveis seriam os aeroportos de São Roque, localizado a 35 minutos da capital, e o de Caieiras, ainda em projeto.

Jockey

Sem a necessidade de acordo com a União nem a definição de uma área substituta, o negócio com o Jockey parece mais fácil de sair do papel. Até porque existe precedente – Haddad negociou a desapropriação de outro imóvel do clube, a Chácara do Jockey, aberta como parque neste ano. A área onde funciona o Hipódromo Paulistano deve ser tratada igualmente.

“Não temos nada contra a ideia de se criar um parque aqui. Pelo contrário, nossas portas já são abertas à população. Mas tudo vai depender da conversa com o futuro governo”, disse o presidente do Jockey, Eduardo da Rocha Azevedo. Ele ressalta, porém, que o terreno do clube é privado. “Muita gente faz confusão, acha que a Prefeitura fez uma concessão da área para nós. Mas isso não é verdade, temos a propriedade”, afirma.

Os planos de Doria podem ajudar o Jockey a sair de vez do vermelho. Endividado há quase três décadas, o clube colocou em leilão em junho três imóveis avaliados em mais de R$ 40 milhões. A ação faz parte de um planejamento interno que tenta equacionar as contas e eliminar os débitos, que já alcançaram R$ 600 milhões.

Ainda não há um projeto oficial de parque no local, mas somente a área cercada pelas pistas de corrida tem cerca de 115 mil m² que poderiam ser transformados em áreas de lazer. Qualquer mudança de uso, no entanto, deverá ser negociada também com os órgãos de defesa do patrimônio, uma vez que se trata de área tombada.

PARA ENTENDER

Concessões serão bandeira

Se viabilizados, os futuros parques farão parte de um pacote de equipamentos públicos concedidos à iniciativa privada. O tucano João Doria planeja entregar a administração dos parques existentes na capital a empresas ou organizações sociais, em troca da permissão da exploração comercial nessas áreas. O objetivo, segundo o prefeito eleito, é economizar com manutenção e melhorar a infraestrutura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.