Entrevista com Fernando Haddad:
O senhor deixará em caixa quase a mesma quantia que seu antecessor deixou. Como está a saúde financeira da cidade?
Há quatro indicadores que atestam a saúde financeira de um município. O primeiro é o endividamento, e o de São Paulo caiu a um terço do que era depois que fiz a renegociação da dívida. Se não fosse isso, a dívida terminaria o ano em R$ 81 bilhões. Ele (João Doria) vai receber uma dívida de R$ 29 bilhões. Isso abre espaço fiscal para investimento e para endividamento, porque a dívida está em 74% da receita líquida, quando o teto é de 120%. Ou seja: tem quase 50% da receita corrente líquida em espaço para se endividar.
Então a Prefeitura poderá fazer investimentos a partir de empréstimos?
São Paulo está fora do mercado de crédito desde a gestão Maluf, porque não tinha capacidade de contrair empréstimo. Isso além de R$ 8 bilhões em convênios com o PAC.
Mas há perspectiva de sair recursos federais agora?
Tem saído um pouco, sim.
E os demais indicadores?
Comprometimento com a folha de pagamento. São Paulo é a capital com menor grau de comprometimento da folha, 36%. O ponto três é a autonomia financeira: 70% das receitas da cidade, hoje, são próprias. O quarto ponto, aí sim, é o dinheiro em caixa. Temos 1,3 mês de pagamento em caixa. A média das cidades é 0,7 mês. Esses quatro indicadores é que conferiram à cidade o selo de grau de investimento da agência Fitch.
Mas a Prefeitura não tem mais esse selo, não é?
Está suspenso, não só o nosso como o do governo do Estado e da cidade do Rio, porque o País perdeu o grau de investimento. Quando um país perde o selo, o dos entes federados fica suspenso.
E o que significa para a receita do Município ter esse selo?
Facilita a busca de empréstimos externos e mais baratos. O BNDES não faz análise de risco, mas os bancos internacionais exigem. Se você quer fazer investimentos por meio de uma PPP, facilita.