Salvador (AE) – O publicitário Duda Mendonça disse ontem que é "vítima política" da disputa entre os grupos que almejam deter o poder no Brasil. Duda Mendonça depôs durante cinco horas na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) para o delegado Pedro Ribeiro, que integra a equipe responsável pela apuração do chamado escândalo do "mensalão". "O Brasil inteiro já percebeu que estão me transformando numa vítima política num ano eleitoral e eu confio na Justiça brasileira, que, na hora da apuração dos verdadeiros fatos e das provas, as coisas vão ficar muito claras", afirmou.
Ele deu essas declarações na saída da sede da PF, por volta das 14h50. Estava em companhia da sócia Zilmar Fernandes e do advogado, Hélio Santana. Duda Mendonça aparentava tranqüilidade e manteve o bom humor. O publicitário disse ter confirmado todas as informações dadas nos dois depoimentos em agosto e setembro à polícia e negou "as falsas acusações que estão tentando imputar" a ele, principalmente, as relacionadas com contas no exterior, que ele voltou a negar ser titular.
A única conta fora do País que Duda Mendonça reconhece é a Dusseldorf, que revelou no testemunho à Comissão Parlamentar mista de Inquérito (CPMI) dos Correios e que teria movimentado R$ 15,5 milhões, supostamente, repassados na campanha do PT de 2002 pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Logo depois de revelar a existência da conta, Duda Mendonça fechou-a, após pagar pouco mais de R$ 4 milhões por sonegação do Imposto de Renda (IR).
Sobre a viagem do relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e dos sub-relatores, deputados Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE) aos Estados Unidos para investigar outras supostas contas dele, Duda Mendonça foi sucinto: "Só quem pode responder são os deputados." Ele passou a idéia de "vitima" de todo um processo político. "Todo mundo está vendo; eu não sou político, sou publicitário, fiz o meu trabalho; por quê isso? A quem interessa isso? Eu não sei."
Adepto do candomblé, o publicitário admitiu que, pela primeira vez há muito tempo, não participaria da Festa de Iemanjá, hoje. "Vou contar-lhe de coração: adoraria ir ao Rio Vermelho (bairro onde a festa é realizada) agora, mas, se eu for vocês (jornalistas) vão estar todos lá perguntando as coisas de novo; então, eu vou privar-me, pela primeira vez em 60 anos, de ir à festa."