Numa cerimônia prestigiada pelos dois principais candidatos à Presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Geraldo Alckmin, tomou posse ontem como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Enrique Ricardo Lewandowski. Indicado para o STF por Lula, ele disse que é "ministro da República, não de um presidente ou de um partido político". Lewandowski substitui no STF o ministro Carlos Velloso, que teve de se aposentar em janeiro, quando completou 70 anos.
O novo ministro disse que está preparado para julgar ações espinhosas que o tribunal terá de enfrentar nos próximos dias, como a que questiona a validade da emenda constitucional que acabou com a verticalização nas eleições. "Estou pronto. Sou magistrado há 15 anos. Estou absolutamente tranqüilo. Vou procurar julgar tecnicamente, de acordo com a Constituição Federal e a minha consciência", afirmou. Sobre decisões recentes do STF que foram criticadas por congressistas, Lewandowski disse que o tribunal tem julgado tecnicamente. Segundo ele, o Supremo "não pode julgar de acordo com a conjuntura". "É claro que qualquer decisão do tribunal pode agradar uns e desagradar outros. Mas é próprio da função de magistrado", afirmou.
Junto com Lula, que inicialmente tinha dito ao STF que não compareceria à cerimônia, esteve na posse a primeira-dama, Marisa Letícia. A presença dela não era esperada pelo cerimonial. Foi uma surpresa. Funcionários providenciaram às pressas uma cadeira que estava reservada para o senador José Sarney, que não compareceu à solenidade. Implacáveis na vistoria das vestimentas de quem freqüenta o STF, os seguranças do tribunal não fizeram restrições aos trajes da primeira-dama que, contrariando o protocolo, vestia calças e blusa. As mulheres que circulam pelo plenário do Supremo têm de estar de vestido ou saia e blusa ou calça social, mas sempre com um blazer. Mesmo assim, por vezes são censuradas por seguranças por causa de modelos e estampas.
Encontro
O presidente Lula e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, encontraram-se na cerimônia de posse do novo ministro do STF. Alckmin chegou atrasado à cerimônia e acenou para Lula, que devolveu o gesto. Na fila de cumprimentos, Lula fez questão de esperar o tucano – que vai enfrentá-lo nas eleições de outubro – para um aperto de mãos. Depois, em entrevista, Alckmin disse que foi um cumprimento muito amável.
O presidente chegou a pedir ao chefe do cerimonial do Supremo para buscar o governador, que não estava na fila de cumprimentos, porque precisava deixar o STF para se dirigir ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde participou da posse dos novos quatro ministros.
