Depois de 130 anos, o rio que deu nome à cidade voltará a abastecer a população de Sorocaba, interior de São Paulo. A prefeitura abriu licitação para contratar a empresa que vai instalar um sistema de captação de água bruta no Rio Sorocaba e uma estação para o tratamento da água. Desde a década de 1960 houve projetos para o uso do rio para abastecimento, mas não avançaram por causa da poluição industrial e por esgotos. Há quase um século, Sorocaba busca água na Represa de Itupararanga, em Votorantim, a 15 km de distância.

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Foi a vulnerabilidade desse sistema que levou o prefeito José Crespo (DEM) a decidir pela nova fonte de abastecimento. A linha de adutoras que abastece a cidade é superficial em boa parte do trecho e está fixada em encostas da Serra de São Francisco. Com as chuvas de janeiro último, houve um deslizamento e parte da adutora foi destruída. Sorocaba ficou uma semana sem água. “É o primeiro passo para que a cidade deixe de depender completamente das adutoras que trazem água de Itupararanga, um sistema que tem se mostrado vulnerável”, disse.

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O Rio Sorocaba corta a cidade ao meio e, nos últimos 20 anos, o município investiu em obras para despoluir suas águas. Foram instalados interceptores ao longo de rios e córregos e construídas estações de tratamento. A qualidade melhorou gradativamente e os peixes voltaram a povoar o rio. Há seis anos, a pesca amadora foi liberada num trecho entre a região central e a zona norte. Hoje, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a água é considerada boa para abastecimento público com tratamento.

A obra, no Parque Vitória Régia, zona norte, vai custar R$ 100 milhões e garantirá até 1,5 mil litros de água por segundo.

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Atualmente, a cidade recebe 2,5 mil l/s captados em Itupararanga e, uma pequena parte, no ribeirão Ferraz, na região do Éden. Metade do custo será do programa Saneamento para Todos, do governo federal. O município banca o restante com recursos próprios e financiamento da Caixa Econômica. O edital de licitação foi publicado na terça-feira, 7. A abertura dos envelopes com as propostas das empresas interessadas será no dia 13 de abril. O prazo de execução será de 42 meses.

‘Pipeiros’

Até o fim do século 19, a população de Sorocaba era abastecida com a água retirada do rio e distribuída à população por carroças-pipas puxadas por muares. Em 1885, por considerar que a água estava sendo poluída por esgotos, a Câmara lançou decreto proibindo os ‘pipeiros’ de retirá-la do manancial. Foi o que bastou para que eles iniciassem uma greve, deixando a cidade sem água. A medida foi revista, mas no ano seguinte a cidade ganhou a primeira rede de água, só que a captação não era feita no rio. Daí para a frente, o trecho urbano do Rio Sorocaba não foi mais usado para abastecimento.