Sol intenso faz carteiros pedirem novo horário

Ribeirão Preto, SP – Os sindicatos dos trabalhadores dos Correios, em 92 das principais cidades brasileiras, estão articulando apoio de vereadores para tentar mudar o horário de entrega das correspondências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). As entidades querem evitar que os trabalhadores continuem expostos ao sol escaldante das 11h às 15h, todos os dias, e sejam vítimas de câncer de pele.

Os índices de raios ultravioleta (UV) atingiram marcas altas e preocupam, pois a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o aceitável é até cinco pontos, mas no final de fevereiro chegou a variar entre 12 e 14 pontos em várias regiões do país.

Para a ECT, mudar o horário é algo complexo, pois há compromissos com a população e até contratos com empresas que tornariam o serviço lento. ?Essa reivindicação da categoria é antiga, desde 1994, e queremos tirar os carteiros do pior sol do dia que é destinado às entregas das cartas, pois o trabalhador não pode ter a sua saúde prejudicada?, diz o presidente do sindicato de Ribeirão Preto, Carlos Decourt Neto.

O sindicalista diz que o ideal seria que os carteiros fizessem as entregas entre 7h30 e 11h e no período entre 11h e 15h ficassem executando serviços internos, separando as cartas que deverão ser entregues no dia seguinte. ?A empresa (ECT) infelizmente se recusa a fazer essa alteração?, comenta Decourt Neto.

Segundo ele, a categoria (por meio de sua federação) também quer que o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) reconheça o câncer de pele como uma doença profissional. ?A mudança de horário acarretaria, na forma de trabalho, um dia a mais para a entrega das correspondências, em todo o País?, explica a assessora de gestão de relação sindicais e do Trabalho dos Correios em São Paulo e interior, Santina Mara Rosa.

De acordo com ela, a ECT continua mantendo o estado de alerta durante os períodos de baixa umidade (menos de 20%) e alta temperatura (acima dos 30ºC), nos quais os carteiros mudam o horário de trabalho. Porém, isso não poderia ser estendido a todo o País – a empresa tem mais de 110 mil funcionários e mais de 50% são carteiros.

Santina diz que os itens de proteção (óculos, protetor solar, camisas, bonés) e assistência médica também são mantidos pela empresa. Os carteiros, antes de irem às ruas, passam protetor solar, que, para o sindicato, deveria ser repassado a cada duas horas. A ECT informa que o fator disponível nas agências é o 30 e que, tecnicamente, a empresa deveria fornecer acima de 20, e não individuais.

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