A falta de influências positivas que auxiliem o desenvolvimento saudável não é um problema restrito apenas à juventude paulistana, afirma a pesquisadora Ida Kublikowski, da PUC-SP, que trabalhou em uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Família e Comunidade da instituição sobre comportamento dos jovens. “Em diferentes comunidades temos percebido uma similaridade muito grande nos resultados. Mesmo os dados americanos são muito parecidos com os nossos, pois a conjuntura é a mesma.”

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A falta de envolvimento dos adultos com os jovens, a dificuldade de diálogo e a insegurança em relação à transmissão de valores são algumas das causas apontadas pelos especialistas.

Antes de aplicar a pesquisa para os adolescentes, foi feito um levantamento com os pais para saber se os 40 “valores positivos” do questionário eram de fato os que eles julgam importante transmitir aos filhos. “Essa pesquisa revelou que os pais acreditam que dialogam muito com os filhos, mas os jovens dizem que não há diálogo em casa. É uma conversa de surdos”, diz a pesquisadora.

O problema, no entanto, não está centrado apenas na família. “A sociedade como um todo está perdida em relação a como educar os jovens. Os valores estão em conflito, o contexto é contraditório. Você prega a não agressão, por exemplo, mas liga a TV e só vê violência. A bebida tem um significado cultural muito positivo em nossa sociedade, basta ver os comerciais de cerveja, mas não querem que o jovem beba em excesso”, completa Ida.

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