A BRA anunciou ontem a renúncia de seu presidente-executivo, Humberto Folegatti. Ele permanece no conselho de administração da BRA, terceira maior companhia aérea do País. O anúncio faz parte de um acordo fechado no dia 22 de outubro com o Brazil Air Partners, sócio investidor da BRA, que tem entre seus integrantes o fundo Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e bancos como o Goldman Sachs e Bank of America. Ficou acertado, ainda, que Folegatti vai receber uma indenização, segundo uma pessoa que acompanhou as negociações.
A saída de Folegatti, diz a fonte, deve abrir caminho para nova injeção de recursos. Essa já era uma das condições da negociação que levou o Brazil Air Partners a comprar 20% da BRA, por R$ 180 milhões, em dezembro de 2006. De acordo com um fornecedor da companhia, cerca de R$ 100 milhões já teriam sido injetados. O novo presidente da BRA está em processo de escolha.
?O fundo só vai botar mais dinheiro na BRA se tiver o comando operacional e a gestão da companhia. A situação financeira deve ser solucionada?, afirma uma pessoa próxima às negociações. O acordo fechado entre Folegatti e os investidores da BRA não altera a composição acionária da companhia. Folegatti e seu irmão, Walter, continuam com 80% do capital da empresa e os 20% restantes permanecem com o Brazil Air Partners, acrescenta a fonte.
Apesar de ter recebido a injeção de recursos, a BRA entrou numa crise financeira e operacional que lhe custou a proibição da venda de passagens internacionais e a redução, pela metade, de sua frota de 12 aviões. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) analisa a redução do número de vôos da empresa e deve divulgar sua nova malha aérea. Até solicitar à Anac a revisão de sua operação, a BRA atendia cerca de 60 cidades em todo o País.
Suspensão
A Anac também realiza uma auditoria na área operacional da BRA desde que o número de reclamações de atrasos e cancelamentos de vôos se intensificou. A empresa anunciou na terça-feira a suspensão, por tempo indeterminado, da venda de passagens para o exterior. Os dois aviões usados para vôos internacionais estão em manutenção. A falta de dinheiro no caixa da BRA levou a empresa a atrasar o pagamento de fornecedores e a ameaçar a compra de 40 jatos da Embraer, negócio avaliado em US$ 1,4 bilhão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo