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Sob Doria, fila para exames cai, mas cresce demanda por consulta

Com fortes dores na coluna e inchaço no corpo, a recepcionista Lilian de Andrade Trombim, de 39 anos, esperou 11 meses para ter agendada na rede municipal de saúde a tomografia na coluna que ajudaria a definir o seu diagnóstico. Foi finalmente atendida em fevereiro deste ano pelo programa Corujão da Saúde, iniciativa do prefeito João Doria (PSDB) em parceria com hospitais privados para zerar a fila de espera por exames na capital. A tomografia foi feita, mas Lilian ainda não sabe o que tem nem iniciou seu tratamento pois, até hoje, segue na lista de espera pela consulta com um reumatologista, médico que analisaria o resultado.

“Fiz o exame no Hospital Oswaldo Cruz, fui bem tratada, mas a consulta está demorando tanto que acho que terei de fazer o exame de novo porque esse nem vai valer mais”, diz.

Quase um ano após assumir a Prefeitura, Doria reduziu pela metade o número de pessoas que aguardam um exame no Sistema Único de Saúde (SUS) da capital, mas não teve o mesmo desempenho no enfrentamento das filas por consultas de especialidades e cirurgias, que cresceram em comparação com as do último mês da gestão anterior.

Hoje, cerca de 845 mil pessoas ainda aguardam algum atendimento na fila da rede municipal. O número total é 25% menor do que o 1,13 milhão de procedimentos que estavam na lista em dezembro de 2016, mas a queda não é uniforme.

Com o Corujão, iniciado em janeiro, o número de exames na fila caiu de 607 mil em dezembro de 2016 para 234 mil em novembro deste ano, último dado disponível. Já a lista de espera por consultas de especialidades cresceu, passando de 439 mil para 497 mil. Os pedidos de cirurgias na fila, que a partir de julho foram incluídos no Corujão (fase em curso), também aumentaram, de 91 mil para 113 mil.

A situação faz com que relatos como o de Lilian – de pessoas que saíram da fila dos exames, mas seguem na espera pela avaliação médica – sejam comuns. Mesmo com o exame feito desde fevereiro, a instrumentadora cirúrgica Márcia Schiavino, de 59 anos, não conseguiu ainda vaga com um pneumologista. “Me encaixaram no Corujão e achei que logo teria a consulta, mas não teve jeito. No posto, me falaram para aguardar.” A solução para não ficar sem tratamento foi pagar uma consulta em uma clínica popular.

Para Walter Cintra Ferreira, coordenador do Curso de Especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV), mutirões ajudam a aliviar o sistema, mas não são suficientes. “Ainda não conseguimos estruturar o SUS para dar conta de toda a demanda de consultas e outros procedimentos. A política de saúde não pode ser baseada em mutirões porque eles desafogam um nó crítico, mas logo aparecem outros.”

A aposta da gestão municipal agora é de reduzir as filas de cirurgias com a nova etapa do Corujão (mais informações nesta pág.). Ao menos para o aposentado David Pacios Gonçalves, de 78 anos, o programa já teve um bom resultado. Ele esperava há mais de um ano por uma cirurgia de hérnia na virilha e foi atendido em setembro. “Meu pai sempre foi muito ativo e, com a hérnia, estava limitado. Agora voltou a fazer as atividades de forma independente”, conta a analista de importação Silmara de Queiroz, de 43 anos.

Médicos. Em seu primeiro ano, Doria também enfrentou a falta de médicos. Em 2017, o número de profissionais caiu de 12.953 para 12.529. A promessa de campanha de contratar de imediato 800 médicos não foi cumprida. O motivo seria a falta de verba prevista para a medida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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