Dirceu: promessa de resolver tudo até maio. |
Brasília – A crise de identidade do PMDB, ser ou não ser governo, está chegando ao fim com o envio das reformas ao Congresso na próxima semana. Em pouco tempo o partido terá que decidir se vota a favor ou contra as propostas de Lula. Na briga interna do PMDB, a parcela governista ganha força à medida que saem no Diário Oficial as nomeações reivindicadas pelos peemedebistas.
Mas não é só o nó do PMDB que o governo terá que desatar. PL, PTB, PCdoB, PSB e PPS também andam descontentes com as nomeações e a concentração de poder, que consideram excessiva, nas mãos dos petistas. “Se na semana que vem vamos encaminhar duas reformas, não vamos conseguir resolver o problema dos cargos? A partir de maio o desgaste será grande”, diz o deputado Carlito Mers (PT-SC).
Os aliados se queixam de que a maioria das nomeações que saíram até agora, cerca de 80%, foi para o PT. O chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, tem assegurado aos aliados que até maio tudo estará resolvido. O Palácio do Planalto espera conseguir segurar sua base, que vira e mexe ameaça se rebelar, e ao mesmo tempo incorporar os parlamentares do PP e do PMDB, que se declaram independentes.
A lentidão do Executivo para deslanchar as nomeações tem testado os nervos de deputados e senadores. O Bispo Rodrigues (PL-RJ), por exemplo, tem aconselhado sua bancada a ler o livro de Jó, o santo da paciência. “A Casa Civil já me informou que o que está combinado será atendido. Já tranqüilizei os companheiros”, diz Bispo Rodrigues. Para tentar segurar o PMDB, a primeira providência foi suspender a demissão de alguns apadrinhados nos estados. Mas isso é pouco para tornar o partido um fiel aliado. Em doses homeopáticas o PMDB tem conseguido ganhar novos espaços nos estados.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), já emplacou Silas Rondeau na presidência da Eletronorte. O senador José Maranhão (PB) conseguiu a gerência do Ibama para Erasmo Lucena. O senador Maguito Vilela (GO) foi o responsável pela nomeação de Ruy Gomide para a coordenação da Funasa. O senador Mão Santa (PI) também já se acertou com o governo ao assegurar a nomeação de Esdras Nogueira para presidente da Companhia de Eletricidade do Piauí (Cepisa).
– Eu guerreei, ganhei a eleição com Lula. Como é que não vou nomear? – disse Mão Santa na reunião da bancada do partido do Senado.
O senador Renan Calheiros (AL), um dos principais interlocutores do governo no Senado, apresentou sua lista de reivindicações. Ele quer manter Ricardo Gayer no comando da Companhia de Energia de Alagoas (Ceal) ou pôr em seu lugar o atual diretor financeiro, Henrique Melo. Para os Correios estaria indicando Paulo Machado, funcionário de carreira, ou Francisco Leopoldo Marques da Costa, que foi gerente de operações postais em Manaus.