Sindicatos do setor de aviação civil reclamam de falta de diálogo com governo

São Paulo – Falta diálogo com o governo para resolver os problemas relacionados à aviação civil, apontam representantes de dois sindicatos ligados à área. De acordo com a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Graziella Baggio, o último encontro com o governo ocorreu logo depois do acidente do avião da Gol, em setembro do ano passado, quando foi criado um grupo de trabalho para apontar soluções de médio e longo prazo para a questão dos controladores e da falta de infra-estrutura.

?Todo esse trabalho foi encaminhado para o [ex-ministro da Defesa] Waldir Pires e foi a última participação do sindicato?, afirmou. Graziella disse acreditar na possibilidade de se estabelecer um novo diálogo com o governo no próximo ano. O SNA representa os comandantes, co-pilotos, primeiro oficial, mecânicos de vôo e comissários.

Para o diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins, é preciso haver um trabalho conjunto para encontrar medidas que possam superar os problemas na aviação. ?Não adianta vir com pacote baseado em teoria. A pessoa que trabalha no dia a dia é que pode dizer se determinadas coisas são factíveis ou não.?

Apesar da falta de diálogo apontada por ambos, Jenkins acredita que as medidas anunciadas pelo novo ministro da Defesa Nelson Jobim, logo após o acidente com o avião da TAM, em São Paulo, ocorrido em 17 de julho, estão ?desestressando? o setor.

?A primeira solução a curto prazo é o problema da recomposição do número de controladores. Isso já começou a ser feito através do Comando da Aeronáutica e do Ministério da Defesa com a contratação de novos controladores e o aumento do número de controladores para as turmas em formação. Mas, logicamente, para que se forme um controlador e ele comece a estar operacional em áreas de maior movimento, isso quer dizer de dois a três anos. As soluções foram implementadas esse ano e logicamente o resultado e os frutos disso nós só vamos colher em 2009 ou 2010?, disse Jenkins, em entrevista à Agência Brasil.

Entre as medidas de longo prazo, o presidente do Snea destacou a construção da terceira pista do aeroporto de Guarulhos e de um novo aeroporto em São Paulo como necessidades para se evitar novos transtornos no setor aéreo. Segundo ele, a construção da terceira pista em Guarulhos estava prevista desde 1997 e deveria ser concluída em 2010, ?porém a área destinada à pista foi invadida e hoje há um número muito grande número de famílias morando nessa área?.

Na avaliação de Jenkins, a construção vai exigir muita ?coragem política para se colocar essa pista no local onde estava prevista?. Já o novo aeroporto pode levar, de acordo com ele, quatro anos para estar operacional.

A instalação da nova malha aérea, a partir de hoje (21), é outra medida para tentar controlar o caos aéreo e diminuir os atrasos em vôos, afirmou o representante do Snea. ?Já fizemos neste ano quatro redes de linhas, sempre diminuindo o número de vôos e de aeronaves voando ao mesmo momento. Logicamente isso ainda está sendo aprimorado. Acho que estamos no caminho?, aponta.

Graziella Baggio não é tão otimista. Em entrevista à Agência Brasil na semana passada, a presidente do SNA disse que não conseguiu ?enxergar? nenhuma medida anunciada pelo governo que esteja em prática, ?com exceção da possibilidade de redução dos vôos decolando de Congonhas além de 1,5 mil quilômetros?. ?Muitos vôos foram transferidos para Guarulhos, mas temos problemas em Cumbica. Até o momento não posso afirmar se as iniciativas que foram anunciadas estão sendo perseguidas?, afirmou.

Segundo ela, a maioria das medidas em prática, principalmente com relação ao aeroporto de Congonhas, não foram anunciadas pelo Ministério da Defesa, mas tem como base decisões judiciais. ?Essas medidas foram decisões judiciais. Não foram medidas anunciadas pelo ministro. Reduzir o peso da aeronave [que pousa em Congonhas] e estabelecer modelo e horário de Congonhas foram decisões judiciais, logo após o acidente da TAM?, afirma a presidente, acrescentando que ?a única coisa, de certa forma anunciada pelo ministro [da Defesa, Nelson Jobim], foi limitar o número de passageiros?.

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