No mesmo dia em que os motoristas e cobradores de ônibus do Grande Recife paralisaram, nesta sexta-feira, 29, pela terceira vez em oito dias, das 4 às 8 horas da manhã, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Pernambuco (Urbana-PE) pediu ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PE) para decretar a ilegalidade das paralisações. “Queremos impedir que a população, o comércio, a indústria sejam prejudicados por um movimento que não está acatando a decisão da Justiça”, explicou o presidente da Urbana, Fernando Pimentel. A ação, com pedido de liminar, deve ser apreciada ainda nesta sexta-feira.

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Se o movimento for considerado ilegal, o governo de Pernambuco, que se mantinha equidistante, apenas acompanhando as negociações entre patrões e empregados, vai passar a intervir para evitar “uma situação de desordem” em caso de novas paralisações, de acordo com o secretário estadual de Cidades, Evandro Avelar. “A população não pode ficar submetida a essa situação, acordando todo dia sem saber se vai ter ônibus nas ruas”, afirmou ele. “No começo (da mobilização) os trabalhadores tinham justificativa, mas agora não se justifica mais descumprir a lei”.

A paralisação desta sexta visou a pressionar o Tribunal Superior do Trabalho (TST) a conceder 75% de reajuste no vale alimentação da categoria, como definiu o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PE), em julgamento de dissídio coletivo, no dia 30 de julho. O tribunal também havia determinado aumento salarial de 10%. A classe patronal, que havia oferecido 6% de aumento linear – salários e benefícios -, recorreu ao TST que primeiramente suspendeu o reajuste determinado pelo TRT-PE, mas depois reconsiderou e manteve os 10%. Os novos pisos salariais – R$ 1.765,50 para motoristas, R$ 1.141,69 para fiscais e R$ 812,13 para cobradores – serão pagos, no dia cinco de setembro, com efeito retroativo, de acordo com a Urbana-PE.

Indignação

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Os trabalhadores estão indignados, de acordo com o secretário-geral do sindicato dos rodoviários, Josival Costa, com a manutenção, pelo TST, do aumento de 6% no vale alimentação – que passa de R$ 171,00 para R$ 180,00 – e fica valendo até o julgamento do dissídio coletivo no TST, ainda sem data definida. Com o reajuste determinado anteriormente pelo TRT-PE, o valor subiria para R$ 300,00.

Sem temor quanto à ilegalidade das paralisações, Costa retruca que a categoria está apenas fazendo protestos. “Não é greve (proibida depois de dissídio coletivo), é protesto”, afirmou ele, ao informar que a categoria pretende aguardar o pagamento salarial de cinco de setembro sem novas mobilizações. No dia seguinte ao pagamento, os trabalhadores decidirão, em assembleia, se irão fazer novas paralisações visando à conquista dos 75% do vale alimentação.

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A paralisação desta manhã ocorreu sem incidentes, embora tenha novamente provocado transtornos para os dois milhões de usuários do transporte público do Grande Recife, que conta com três mil ônibus servindo a 394 linhas. Os veículos voltaram a circular normalmente no final da manhã.