O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SindMed) denunciará ao Tribunal de Contas o governo estadual por improbidade administrativa, por ter convocado médicos de outros Estados para atender à população com dengue. O governador Sérgio Cabral Filho criticou a decisão do SindMed. Segundo ele, este é o momento de "parar com o discurso sindical, deixar de lengalenga e começar a trabalhar".
O governador afirmou nesta terça-feira (1º) que a vinda de pediatras de outros Estados da União é "fundamental". Segundo ele, o Estado vai pedir ajuda também às universidades para fornecer médicos residentes. "Esse é um momento de esforço concentrado para superar esse grave problema que já matou dezenas de pessoas e que levou milhares ao desconforto, perder dias de trabalho e ao sofrimento", afirmou.
O presidente da entidade médica, Jorge Darze, classificou a convocação como uma "fanfarronice sem conteúdo e sem respaldo legal". Segundo ele, é um erro o secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, dizer que não há pediatras no mercado. "O que eles não querem é trabalhar nessas condições", afirmou.
Para Darze, o governo não pode gastar recursos estaduais para trazer médicos de fora, pagando mais do que pagaria aos profissionais fluminenses. Enquanto no Rio um médico do Estado ganha R$ 150 por um plantão de 12 horas, a Secretaria Estadual de Saúde está oferecendo R$ 500, passagem e hospedagem para quem vem de fora. "Eles ainda precisariam de uma inscrição provisória no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), que demora três meses para ser expedida", explicou.
Um caminho para aumentar o número de atendimentos, segundo Darze, seria o Ministério da Saúde ampliar a carga horária de 900 médicos, de 20 horas para 40 horas semanais. "Eles já estão nos hospitais federais municipalizados e conhecem o trabalho", justificou o presidente do SindMed.
Mais médicos – Nesta terça-feira (1º), o governador participou da inauguração de 94 leitos de enfermaria pediátrica no hospital Anchieta, no Caju. Ali, os pediatras que estão no atendimento são médicos que estavam cedidos para outros órgãos do governo e que voltaram para a Secretaria de Saúde, para cumprir um decreto do governador.
O secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Jurandir Frutoso, informou que pelo menos sete Estados já disseram ter médicos disponíveis para enviar ao Rio. No entanto, o número de profissionais ainda não foi fechado. Os primeiros profissionais vindos do Rio Grande do Sul podem chegar ao Estado já durante o fim de semana. Além dos gaúchos, Rondônia, Espírito Santo, Paraíba, Amazonas, Pará e Santa Catarina também devem mandar pediatras para suprir o déficit fluminense.
Côrtes disse precisar de 154 pediatras para trabalhar em três centros de tratamento que esperam apenas a chegada dos profissionais para serem inaugurados. Na quinta-feira (3), acontece no Rio a reunião mensal do Conass, com a presença de todos os secretários estaduais de Saúde.