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  Marcello Casal Jr / ABr
Marcello Casal Jr / ABr

Brasília – A diretora-financeira da agência de Marcos Valério SMP&B, Simone Vasconcelos, disse em depoimento na CPI Mista dos Correios, ontem, que nenhum documento de identificação era fornecido pelas pessoas a quem entregava recursos repassados pela agência de publicidade. Disse ainda contabilizava nas planilhas da empresa como "empréstimo ao PT" todos as verbas sacadas, mesmo as por pessoas ligadas a outros partidos políticos. Simone é a maior sacadora das contas de Marcos Valério, tendo retirado R$ 6,5 milhões.

A funcionária explicou que no ano de 2003, quando foram registrados mais de R$ 5 milhões em saques em seu nome no Banco Rural, em Brasília, esteve por mais de 20 vezes na agência da capital federal. "Não obtinha nenhum documento de quem recebia. Nunca foi exigido documento dessas pessoas", disse. Entre os repasses contabilizados como "empréstimos ao PT" estão os feitos a Valdemar Costa Neto (PL, renunciou esta semana ao mandato de deputado), Jacinto Lamas (ex-tesoureiro do PL), José Carlos Martinez (PTB-PR, já morto), e Carlos Rodrigues (PL-RJ).

Segundo a funcionária, o repasse era feito de três formas. Na primeira, a agência em Belo Horizonte autorizava por e-mail que ela sacasse em Brasília uma quantia a ser entregue à pessoa identificada por Marcos Valério por telefone. Outra forma de repassar os valores sacados era deixando cheques em nome de pessoas ou ainda, uma terceira forma, feita a partir de uma autorização de saque da gerente financeira, segundo ela "um bilhete deixado com funcionários do Banco Rural "em Brasília em nome de parlamentares". "Nunca contei o dinheiro a ser entregue. Entregava e sempre me retirava rapidamente", explicou.

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A diretora confirmou os empréstimos para o PT, mas não soube responder como era feita a operação contábil na empresa para dar baixa nas operações. Ela confirmou que Valério realizou empréstimos de "mais de R$ 50 milhões" para o partido, mas negou que tenha ocorrido distribuição de dinheiro em malas. Simone Vasconcelos afirmou também que o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos beneficiários dos recursos levantados pela agência para o PT, recebendo R$ 15 milhões para "acertos de campanha". Afirmou também que só recebia orientação do patrão, Marcos Valério, e de mais ninguém, sobre esses empréstimos destinados ao PT.

Simone apresentou ainda lista com 12 nomes que teriam recebido dinheiro diretamente de suas mãos, entre eles João Cláudio Genu, assessor do deputado José Janene (PP-PR), e o deputado José Borba (PMDB-PR). A diretora financeira da SMP&B confirmou ainda que autorizou Roberto Marques a fazer saques das contas da agência. Ela afirmou conhecer o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e confirmou que ele era a ponte com o partido. Sobre outros então dirigentes do PT (Silvio Pereira, secretário-geral; e José Genoino, presidente), Simone disse não conhecê-los e não tê-los encontrado. O mesmo ela afirmou em relação ao deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil.

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