Ao discursar em Plenário nesta sexta-feira (28), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) declarou que o Congresso Nacional perdeu credibilidade com o excesso de medidas provisórias "que impedem o Legislativo de legislar", as comissões parlamentares de inquérito (CPIs) "que não investigam" e a sucessão de escândalos de corrupção. "Estamos no rodapé das pesquisas de opinião", afirmou o senador, destacando que isso demonstra "a desilusão política do povo".
Segundo Simon, as medidas provisórias "usurpam há muito tempo o direito de legislar dos parlamentares", permitindo ao governo federal substituir o Congresso na produção de leis. O senador afirmou que essas medidas deveriam ser devolvidas ao Executivo quando não cumprirem as exigências constitucionais de relevância e urgência, para que não tranquem a pauta do Legislativo.
Quanto às CPIs, o senador disse que essas comissões acabaram tornando-se "um cartório emissor de certidões de idoneidade"."E pior que não investigar é certificar idoneidade sem investigar", observou, acrescentando que, "hoje, a ordem na CPI para não investigar vem de fora para dentro" (referindo-se ao governo federal e à CPI dos Cartões Corporativos).
Sobre os escândalos que prejudicam a imagem do Congresso, Simon lembrou os mais recentes, como o do "mensalão" e o dos "sanguessugas", além de destacar o que envolveu o ex-presidente do Senado Renan Calheiros. Ele disse que, "nesse último caso, a ética foi escondida em duas votações secretas, o que arrastou o Senado para uma triste realidade".
Simon afirmou que vem recebendo manifestações do país inteiro, e que as pessoas "estão magoadas com o Congresso". "Se o Parlamento permanecer por muito tempo fora das graças da população, isso representará um risco para a própria democracia", avaliou ele.