O sigilo da conta do caseiro Francenildo Santos Costa, o ?Nildo?, na Caixa Econômica Federal (CEF) foi violado a partir de um laptop de São Paulo, no dia 16, às 20h58. Nesse horário, só duas áreas teriam condições de acesso aos dados: a vice-presidência de Tecnologia e a própria presidência da Caixa. O registro dos acessos está gravado no computador central, que funciona numa antiga instalação do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), localizada na Avenida Martin Luther King, em Osasco, na Grande São Paulo. No dia 16 pela manhã, o líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), alardeava para parlamentares que haveria novidades em relação ao caseiro.
A pedido de funcionários da própria Caixa, uma fonte alertou para a necessidade de a PF ou o Ministério Público (MP) bloquearem esse computador central. A avaliação é que, se a PF tiver acesso ao computador, acabará identificando quem violou a conta do caseiro e definindo de onde partiu a ordem. ?Somente alguém de cima poderia ter dado a ordem?, disse o interlocutor dos técnicos da Caixa.
Essa mesma fonte disse que o temor entre os funcionários é de que esses registros acabem sendo apagados, já que o arquivo do computador de IBM de Osasco, ainda que seja de proteção, pode ser violado. Um prazo de 15 dias, segundo informação dos técnicos do setor, é mais que suficiente para que os registros sejam adulterados.
Na Caixa, os técnicos avaliam que a ordem partiu da vice-presidência de Tecnologia ou até mesmo da própria presidência do banco. No escalão inferior e técnico, teme-se que os funcionários envolvidos sejam no fim do processo os únicos punidos, os mandantes fiquem impunes. Eles alertam que é preciso descobrir qual a senha usada para entrar ilegalmente na conta do caseiro. Daí a importância da investigação no banco de dados de Osasco, onde todos os registros de acesso podem ser facilmente identificados.
Em comunicado à imprensa, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, titular do inquérito, diz que não aceitará manobras para proteger eventuais dirigentes da Caixa envolvidos no episódio. ?A polícia não compactua com a tentativa de transferir responsabilidades exclusivamente a pessoas de menor importância na cadeia de comando e que, portanto, não possuem o poder decisório?, avisou.
Em meio ao emaranhado de dúvidas, chegou ontem à PF a versão de que a sindicância da Caixa já chegou ao nome do dirigente, ocupante de um alto posto na instituição, que determinou aos dois subordinados a retirada dos extratos da conta de poupança do caseiro. O gesto pode custar ao dirigente processo por vários crimes, além da demissão a bem do serviço público se ele for do quadro. A PF acha que há outras pessoas do governo envolvidos, dentro e fora da Caixa e quer levantar toda a rede de conivência.
