Decorações de Natal impactantes, grandiosas e estáticas não funcionam mais. Neste ano, os shoppings de São Paulo investiram em interatividade. Agora, o público não quer apenas admirar árvores, presépios, enfeites coloridos: a demanda é por participação.

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A principal atração do Shopping Santa Cruz, na zona sul, por exemplo, não é uma árvore, mas um piano gigante no chão. Até três pessoas de uma só vez podem executar um número musical natalino com os pés. “Criança é sempre agitada. É melhor algo que eles possam gastar energia e brincar”, disse Daniel Cantarella, de 44 anos, pai de Arthur, de 6.

“Trazer criança para o shopping nesta época do ano é mais complicado. Por isso, qualquer coisa que ajude no entretenimento delas é muito bom”, comentou Rita Martins, de 39 anos, mãe de Douglas, de 5. O mesmo shopping também está promovendo outro tipo de interatividade: uma árvore modesta está enfeitada com cartinhas de crianças atendidas por projetos sociais. Em cada uma das cartas, um pedido para o Papai Noel. Os interessados podem escolher uma, comprar o presente e entregar no Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC).

“Peguei seis cartinhas. Acho que o Natal é uma época especial. E o que pode parecer pouco para alguns pode fazer um Natal incrível para outros”, falou Mariana Lopes, de 27 anos. O Shopping Ibirapuera também tem uma árvore solidária – com cartinhas de crianças.

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Brincadeira

Já no Shopping Higienópolis, na região central, a interatividade está no carrossel instalado na base de uma árvore. Só o carrossel tem cerca de 30 metros de altura. Nele, trenós e renas fazem a festa das crianças e de famílias inteiras. Quando a reportagem visitou o local, crianças comemoravam o fato de ter andado nove vezes no carrossel. “Elas adoram. É uma coisa encantadora poder brincar no carrossel no meio do shopping”, disse Luciana Santana, de 34 anos, mãe de Gabriel, de 2, e Felipe, de 6.

No Cidade Jardim, na zona sul, foi instalada uma árvore de 15 metros de altura, com mais de 150 mil lâmpadas de LED e cerca de 35 mil enfeites. Ainda assim, o sucesso da temporada é o trenzinho a céu aberto que passeia pelo jardim do Papai Noel, no terraço do shopping. Também vale destacar a oficina de cartas onde crianças são convidadas a deixar bilhetes com seus desejos. As cartinhas são enviadas posteriormente por e-mail para os responsáveis pelas crianças.

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O Eldorado também montou uma espécie de parque de diversões – com um trenzinho que atravessa a árvore central da decoração. E no JK Iguatemi há mais interatividade: lá, acontecem oficinas para decorar panetones, personalizar pães de mel e escrever cartas para o Papai Noel.

E para quem pretende encher o Instagram com fotos natalinas, versões instagramáveis das decoração podem ser encontradas em diversos empreendimentos, entre eles o Morumbi Town, o Plaza Sul e o Ibirapuera (com cenários gigantes).
Prefeitura. Luz no Coração da Cidade é o tema da 2.ª edição do Festival de Natal de São Paulo, realizado pela Prefeitura, que acontece até o dia 23 de dezembro. A ação natalina está localizada na região conhecida como Triângulo SP, no centro histórico, entre o Largo de São Francisco, o Pátio do Colégio, o Largo de São Bento e a Sé.

O destaque é a pista de patinação no gelo e um cinema de Natal com projeções 5D. Também foi montada uma Vila de Natal, com a Casa do Papai Noel e feiras de artesanato realizadas pelo Projeto Mãos e Mentes Paulistanas. Serão 40 barracas divididas em três turnos. Haverá ainda espetáculos diários de balé aéreo que se unem à projeção mapeada nas fachadas do Edifício Matarazzo.

Na Normandia, celebração em declínio

A Rua Normandia, em Moema, na zona sul, já foi um roteiro famoso do Natal da cidade de São Paulo. O endereço costumava ser ocupado por dezenas de lojas que, tradicionalmente, decoravam suas fachadas entre os meses de dezembro e janeiro.

Até neve artificial podia ser encontrada por lá. Em seu auge, até o ano de 2015, cerca de 300 mil visitantes passavam pelo lugar. Hoje, o Natal passa despercebido na Rua Normandia.

Não que seja impossível encontrar uma decoração ou outra, mas nada que chegue aos pés das temporadas natalinas de anos atrás. “Recordar é viver. Infelizmente, o Natal na Normandia não tem o mesmo apelo. Era um lugar marcante, para toda a família. Acredito que foram problemas financeiros e de mudança mesmo no perfil dos comerciantes que fizeram a atração acabar”, disse Marcelo Solimeo, assessor especial da presidência da Associação Comercial de São Paulo.

De fato, o perfil da rua mudou bastante. Hoje, há muitos escritórios e lojas que não possuem vitrines atrativas. Além disso, os lojistas da Rua Normandia chegaram até a ser patrocinados durante o Natal para manter essa tradição, mas o tal patrocínio teve vida curta.

“Houve um certo desentendimento entre os lojistas também. Um grupo sentia que estava investindo mais, mas não recebia o retorno em vendas. O comércio da Normandia é bastante específico. Apesar do grande fluxo de público, ele não se revertia em vendas”, disse José Roosevelt, representante da Associação de Moradores e Amigos de Moema. “Eu lamentei muito. Era algo que fazia parte da história de São Paulo”, completou.

Plano

Mas há tentativas de fazer a rua voltar ao que era antes. Maria Lucia Mendrone, representante do Rotary Club de Moema e também da associação de bairro, afirmou querer reverter essa situação.

“Vou apresentar ao Rotary e a outras entidades uma proposta de revitalização do Natal da Normandia para o próximo ano. É algo muito importante para cidade e que não pode ficar esquecido”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.