Severino nega ?operação abafa? e briga com Fernando Gabeira

Brasília – Em pronunciamento no plenário, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), tentou se defender da acusação de tentar impedir a cassação de parlamentares que receberam dinheiro do empresário Marcos Valério. Severino disse que não há "operação abafa nem pizza" e acusou algumas pessoas de darem declarações de má-fé que desvirtuam o regimento da Câmara.

Severino repetiu que o regimento diz que os pedidos de cassação feitos pelas CPIs têm que passar pela Mesa da Câmara, depois seguem para a Corregedoria, que emitirá parecer, só então voltando à Mesa, que decide se envia o pedido ao Conselho de Ética. Severino reafirmou que vai ser o árbitro do processo e que está no comando da Câmara. "Não sou leviano, nem irresponsável e muito menos desequilibrado. Aqueles que pensam que deixarei levar inocentes ao cadafalso só por desvario de ouvir soar as trombetas eu não deixarei", afirmou. Severino disse que todos conhecem as regras e que a Presidência da Câmara zelará para que os inocentes não sejam castigados. "Saibam todos que enquanto eu estiver aqui essa Casa terá comando", afirmou.

O pronunciamento provocou forte reação dos parlamentares. Depois de pedir a palavra várias vezes, o deputado Fernando Gabeira disse que Severino usa a presidência de forma indigna e que não é compatível com o cargo, o qual estaria usando para interceder em favor da empresa Gameleira, acusada de explorar mão-de-obra escrava.

"Vossa Excelência está em contradição com o Brasil. A sua presidência é um desastre para o Brasil. Ou fica calado ou iniciamos um movimento para retirá-lo do cargo", disse Gabeira. Severino reagiu aos berros: "Vossa Excelência, recolha-se a sua insignificância. Não aceito as suas palavras". Os deputados do baixo clero saíram em defesa de Severino.

Vala comum

Já o líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse ontem que louvava a afirmação do presidente Severino Cavalcanti de que não haverá operação abafa para evitar a cassação de parlamentares envolvidos no esquema do empresário Marcos Valério, mas afirmou que a Câmara está perdendo a batalha da comunicação porque a imagem da Casa está muito arranhada, inclusive por declarações do próprio Severino. Segundo Aleluia, ao afirmar que não existe comprovação da existência do mensalão e apoiar uma pena mais branda para o caixa dois, Severino jogou toda a Câmara na vala comum.

Embora Severino tenha frisado que falava como cidadão, Aleluia disse que não há como dissociar o presidente da Câmara do cidadão comum. O pefelista disse ainda que não há como trocar uma possível cassação dos mandatos dos parlamentares por penas de advertência e afirmou que Severino deixou a Câmara em situação ainda mais desconfortável. "Foi extremamente infeliz, fomos todos execrados, colocados numa vala comum. Passa a idéia que nós todos queremos abrandar e que não existe nenhuma irregularidade na Câmara", afirmou.

Segundo Aleluia, ao afirmar que o dinheiro recebido pelo PP foi usado para pagar advogados para defender o mandato do deputado Ronivon Santiago (PP-AC), Severino jogou Ronivon na CPMI do Mensalão.

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