Severino diz estar pronto para enfrentar oposicionistas

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Severino Cavalcanti afirma que irá cumprir sua agenda em Nova York até o fim.

Nova York – "Essas decisões já foram tomadas várias vezes. Que continuem tomando. Estou pronto para enfrentá-los", desafiou o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), ao comentar o pedido feito por partidos oposicionistas para afastá-lo do cargo. Com o cerco em Brasília cada vez mais apertado em torno dele, Severino sitiou-se no hotel onde está hospedado em Nova York desde as 22h30 de terça-feira, quando voltou de um jantar no restaurante franco-asiático Vong, até as 12h30 de ontem.

Do hotel ele foi direto para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), onde ofereceria um almoço aos presidentes de parlamentos dos países de língua portuguesa. Como maior representante do Legislativo brasileiro, ele está em Nova York participando da 2.ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, que será aberta hoje e termina amanhã. Apesar dos problemas se avolumando no Brasil, ele reafirmou que cumprirá sua agenda em Nova York até o fim.

"Sou um homem que não tem problemas", disse Severino quando saía do hotel para seu primeiro compromisso na ONU. "Quem não tem problemas não pode ter angústia." Ele desprezou as informações prestadas à Polícia Federal pelo ex-gerente do restaurante Fiorella, da Câmara, Izeilton Carvalho, de que teria autorizado a prorrogação do contrato daquele estabelecimento sem aprovação da mesa da Casa e, em troca, recebido do dono do restaurante, Sebastião Buani, propina mensal de R$ 10 mil por oito meses em 2003.

"Todas essas informações já foram dadas e eles mesmos desmentiram", argumentou, referindo-se ao depoimento dado por Buani, negando que lhe pagava um ‘mensalinho’. Apesar de visivelmente abatido, Severino mantinha sua resistência pernambucana para afirmar: "Sou um homem tranqüilo".

Oposição

Uma representação por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, deve ser apresentada ao Conselho de Ética da Câmara na semana que vem. Severino Cavalcanti, que está em Nova York para uma reunião da ONU, não quis comentar as denúncias de que teria recebido propina mensal para manter um restaurante do Congresso em funcionamento.

Na terça-feira à noite, em Brasília, quatro partidos de oposição decidiram entrar com uma representação. Mas só vão fazer isso na semana que vem. Esperam apoio de partidos governistas e a volta de Severino ao Brasil. "Nós já decidimos. Nós vamos entrar com a representação contra o presidente Severino", disse o deputado José Carlos Aleluia (PFL).

A situação do presidente da Câmara se complicou por causa de um documento entregue à Polícia Federal pelo gerente do restaurante Fiorella, Izeilton Carvalho. No documento, de abril de 2002, o presidente da Câmara dá garantias ao empresário Sebastião Augusto Buani, dono do restaurante, de que seu contrato seria prorrogado até janeiro de 2005. O documento, em folha timbrada da Câmara e assinado por Severino, então primeiro-secretário da Câmara, seria uma espécie de contrato de gaveta.

Cláudio Lembo defende o afastamento

São Paulo – O governador em exercício de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL-SP), defendeu ontem o afastamento do presidente da Câmara Federal, Severino Calvalcanti (PP-PE) até que sejam apuradas as denúncias de recebimento de propina de R$ 10 mil mensais, batizada de mensalinho. Ele afirmou que a possibilidade de a iniciativa de afastamento partir do próprio Cavalcanti é uma questão pessoal, embora seja "eticamente bom que as pessoas se licenciem durante uma investigação".

Lembo disse que Severino "terá situações bastante complexas para resolver" no retorno de sua viagem a Nova York, onde participa até esta sexta-feira da Segunda Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, promovida pela ONU.

O governador em exercício se referia à intenção do líder de seu partido, José Carlos Aleluia (PFL-BA), junto com outros partidos de oposição, de encaminhar uma representação ao Conselho de Ética da casa para que Cavalcanti seja afastado do cargo até o fim das investigações. Ele lembrou a ocorrência com o chefe da Casa Civil do governo Itamar Franco, Henrique Hargreaves, que foi afastado do cargo assim que surgiram denúncias contra ele, retornando depois que nada foi provado.

Sobre a possibilidade de o primeiro vice-presidente da mesa da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), assumir o posto de Cavalcanti, tornando-se o primeiro lugar na linha de sucessão da Presidência da República, Lembo considerou que o parlamentar é uma figura de alta qualidade, pertencente ao Ministério Público de Alagoas e com grande capacidade intelectual e jurídica.

Ele é a "expressão física do mensalão"

Brasília – O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, atacou ontem duramente, em Florianópolis (SC), o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Busato disse que Severino é "a expressão física do "mensalão", o que há de pior dentro do Congresso Nacional." Busato fez essa declaração ao comentar a apresentação de um documento que comprovaria que o presidente da Câmara teria recebido do empresário Sebastião Augusto Buani, do restaurante Fiorella, propina para renovar o contrato de exploração do restaurante da Câmara.

"Com esse escândalo de pagamento de propina que vem à tona agora, relacionado à participação de Severino como secretário da Câmara dos Deputados, e pelas posições tomadas por ele até então, fica demonstrada a precariedade ética e moral com que se está conduzindo os destinos do Congresso Nacional", afirmou Busato.

Ele disse estar preocupado com os rumos do Congresso Nacional frente às recorrentes denúncias de corrupção. São denúncias que envolvem parlamentares e prejudicam a imagem do Legislativo, disse o presidente da OAB. Já o presidente da Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que assistiu ontem ao desfile cívico do Dia da Independência em São Paulo, defendeu a apuração das denúncias envolvendo o presidente da Câmara Severino Calvalcanti (PP-PE), mas com fundamentação e apresentação de provas. "Não podemos ficar com achismos", disse, defendendo que os responsáveis sejam punidos pelos caminhos legais, com respeito à lei e aos direitos do cidadão.

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