Em depoimento nesta quarta-feira, 4, na Comissão de Política Urbana da Câmara de São Paulo, o engenheiro Alfredo Consiglio Carrasco, coordenador de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Subprefeitura de São Mateus, na zona leste da capital paulista, culpou a falta de estrutura do órgão pela não fiscalização da obra que desabou, matando dez pessoas, na semana passada.
Funcionário público municipal desde 1991 e lotado há cinco anos em São Mateus, Carrasco também disse que estava no cargo “a contragosto” e que faltam fiscais no órgão, onde estão lotados sete agentes vistores. “Dois precisam fazer (a fiscalização das) feiras”, pontuou. “Há falhas gritantes (no trabalho de fiscalização)”, emendou. Ele disse ainda que nunca passou pela obra que desabou e que estava embargada pela Prefeitura.
Subprefeito
Carrasco assumiu a função de chefe da fiscalização em fevereiro. Antes, era supervisor de licenciamentos na mesma subprefeitura. “Esse cargo de coordenador (da fiscalização) ficou vago por cinco meses. Não havia ninguém para coordenador o trabalho de fiscalização.”
O subprefeito de São Mateus, Fernando Elias, também foi à Câmara nesta quarta-feira. Elias afirmou que não era função administrativa dele fazer a fiscalização da obra irregular. Os depoimentos provocaram indignação nos parlamentares. “É inadmissível que vocês culpem a falta de estrutura. Tem de acabar com a ‘cultura do sofá’ nas subprefeituras. O subprefeito precisa rodar, conhecer o bairro e as principais obras que estão em andamento na sua região”, criticou o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), ex-secretário de Coordenação das Subprefeituras e presidente da Comissão de Política Urbana. “Pelos relatos trazidos à comissão, há falhas graves de estrutura na Prefeitura”, afirmou o vereador Nabil Bonduki (PT).
De acordo com o vereador Police Neto (PSD), os depoimentos reforçam a necessidade de abertura de uma subcomissão para investigar o acidente em São Mateus. “Não tem muito nexo esse juntado de coisas que foram argumentadas. O que percebemos é que todo mundo estava vendo (a obra embargada), todos conseguiam enxergar, mas muitos não queriam.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.