Acuado pela pressão dos governistas, o relator da CPMI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), recuou na sua decisão de citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ?negligente? no relatório que apresentará, em meados de março, sobre as denúncias de corrupção envolvendo o governo federal e sua base aliada. Ele disse que vai se limitar a relatar que Lula foi informado da existência do ?mensalão? pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), o primeiro cassado da lista de parlamentares acusados de recebimento de mesada em troca de apoio ao governo.
Ao contrário do que anunciou no início da semana, Serraglio informou ontem que não vai emitir juízo no relatório, nem externar qualquer convicção que abra espaço para processo de impeachment contra o presidente por crime de responsabilidade. Até porque, conforme destacou, ele ainda não tem essa convicção. ?Ainda não cheguei a uma definição e não tenho como emitir juízo nesse sentido, embora tenha chegado muito próximo disso?, observou o relator, alertando que pode alterar sua posição até a entrega do relatório, caso surjam fatos novos.
A intenção do deputado de citar Lula no relatório deixou a bancada governista em pé de guerra. ?Imagine se vamos admitir que ele coloque o nome do presidente sem provas, sem elementos!?, advertiu a líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), que começou ontem a articular com aliados a elaboração de um relatório alternativo, caso Serraglio insista em comprometer o presidente.