Serra quer a ajuda de Lula para derrubar Ciro

Brasília (Das agências) – A repercussão da pesquisa do Ibope, de quinta-feira, que apontou queda de José Serra (PSDB) e empate na terceira posição com Anthony Garotinho (PSB), devastou o que restava de ânimo na campanha do candidato tucano e congelou as esperanças do presidente Fernando Henrique Cardoso e dos aliados peemedebistas. Os marqueteiros de Serra, Nizan Guanaes, e de Lula (PT), Duda Mendonça, teriam trocado mensagens sobre o perigo Ciro Gomes (PPS) e uma forma de enfrentá-lo, juntos.

O argumento de Nizan Guanaes é que se o PT não combater Ciro Gomes, agora, pode perder as eleições no segundo turno para o candidato do PPS. O PT se animou, mas não muito, com a proposta. Duda Mendonça não deverá embarcar no ataque feroz a Ciro, como querem os tucanos, porque Lula está em situação bem mais confortável do que Serra. Se o PT deseja avariar Ciro, também deseja evitar uma recuperação espetacular do tucano, que poderia ser perigosa para Lula. O PT deve dar uma ajuda a Serra, mas não com o nível de violência que está sendo preparada pela campanha de TV do PSDB.

As peças que Nizan prepara para o horário eleitoral gratuito, que começa no dia 20, deverão entrar para a história das eleições brasileiras como exemplo de campanha negativa – aquela em que importa mais destruir o adversário do que vender seu candidato. Duda Mendonça também deverá lançar armadilhas contra o candidato do PPS, mas sempre pensando em acumular forças para um eventual segundo turno, seja contra Ciro ou Serra.

Um dos exemplos de como PT e PSDB devem atuar juntos contra Ciro já surgiu em Brasília. O líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), teve a idéia de solicitar uma sessão solene do Congresso em homenagem aos dez anos do impeachment de Fernando Collor de Mello. João Paulo pediu apoio do líder do PSDB, Jutahy Magalhães (BA), que aceitou na hora. O petista não admite, mas o evento objetiva relacionar Ciro a Collor e deve se realizar em 19 de setembro, a três semanas da eleição.

O presidente Fernando Henrique tem feito o que pode para segurar a candidatura de José Serra e agora mesmo tenta contornar uma crise no PMDB e recuperar aliados perdidos e evitar o desânimo daqueles que têm palanque duplo nos Estados com Serra e Ciro. A pesquisa Ibope, porém, agrava a crise de abandono de Serra. Ele está com 11%, 16 pontos percentuais atrás de Ciro. O próprio FHC já disse que acha difícil reverter vantagem tão grande no horário eleitoral. Outro exemplo de ajuda do PT a Serra foi a declaração, ontem, de Lula. “Não é correto achar que a eleição está polarizada entre A ou B. O Serra, que tem o triplo de tempo na TV que os demais candidatos, e o Garotinho, tem ainda uma campanha pela frente para poder crescer”, disse.

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