Serra e Tasso disputam PSDB

Os tucanos José Serra e Tasso Jereissati se preparam para um novo confronto, desta vez na disputa pelo comando do PSDB na convenção que deverá ser realizada em maio. Tasso, eleito senador, e Serra, candidato derrotado nas eleições presidenciais, devem reeditar a disputa que travaram pelo direito de concorrer à sucessão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Mas desta vez, garantem os aliados de Tasso, ele não está disposto a abrir caminho para Serra como fez na candidatura à Presidência da República. Preocupados com os desdobramentos dessa disputa, vários líderes tucanos pediram que ambos adiassem o enfrentamento para evitar que a guerra interna contamine a ação do PSDB nas eleições para as Mesas da Câmara e do Senado. Tanto os partidários de Serra quanto os de Tasso concordaram com o armistício.

O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), alinhado a Serra, não quer turbulências no processo para a sua recondução ao cargo. No Senado é Arthur Virgílio (AM), afinado com Tasso, quem costura sua candidatura para o cargo de líder, evitando uma disputa com o senador Romero Jucá (RR). Correndo por fora, o atual presidente, deputado José Aníbal (SP), que ficará sem mandato em fevereiro. – Não há nada decidido nem há clareza sobre o que faremos. Mas acredito que o partido vai construir uma boa convergência. O PSDB só é forte unido e todos sabem disso -diz José Aníbal.

As relações entre Tasso e Serra estão cada vez mais frias e distantes. Os adversários de Serra dizem que chega de paulistas no comando do partido. E os críticos de Tasso afirmam que sua escolha seria um prêmio para a falta de fidelidade. Desta vez, diferentemente do processo de escolha do candidato do PSDB à Presidência da República, Serra não terá o ex-presidente Fernando Henrique ao seu lado.

Tasso é quem terá vantagem, sendo que os petistas acreditam que seu aliado, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, não medirá esforços para que ele assuma o comando dos tucanos. Apesar disso há aqueles que apostam num entendimento. – Os tucanos têm uma tradição de evitar o confronto, pelo menos para que ele não seja travado em campo aberto – afirma o governador do Ceará, Lúcio Alcântara.

Em dezembro de 2001, Tasso anunciou que desistiria de sua pré-candidatura à Presidência pelo PSDB em favor de Serra até fevereiro. A condição era de que o tucano decolasse nas pesquisas até lá, mas Tasso acabou mantendo sua decisão apesar do fraco desempenho de Serra.

Oposição

O tipo de oposição, mais dura ou mais moderada, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva também é um dos ingredientes da disputa pela presidência do PSDB. Os tucanos acreditam que o ex-senador José Serra (SP), candidato derrotado à Presidência, levaria o partido a uma posição mais crítica, enquanto o senador Tasso Jereissati (CE) adotaria uma linha de maior tolerância.

Muitos tucanos estão temerosos de um esfacelamento do partido e trabalham para evitar um embate entre os dois caciques. – O presidente do PSDB deveria ser alguém capaz de juntar todos os lados do partido. Quando estávamos no governo podíamos nos dar ao luxo de não ter partido, mas na oposição não dá – defende o senador Arthur Virgílio (AM).

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