O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse não acreditar que as vaias que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu durante a abertura dos Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro, na sexta-feira, tenham vindo de um grupo organizado. "Não, não creio que foi organizado. Não há como. Como é que você vai organizar uma manifestação de dezenas de milhares de pessoas? Não há quem tenha capacidade para isso", afirmou.
O governador declarou não saber as razões que motivaram as vaias. "Certamente foram sanções", limitou-se a dizer, evitando, entretanto, aconselhar o presidente. "Eu sou governador de São Paulo e não vou dar aqui conselho para o Lula." Serra ainda citou o dramaturgo Nelson Rodrigues: "Eu estava lá na hora e até me lembrei da frase do Nelson Rodrigues. Ele dizia que até mulher nua poderia ser vaiada no Maracanã. E que minuto de silêncio com certeza", disse.
Sobre o projeto do governo que visa contratar servidores públicos pela CLT Serra afirmou que a proposta deve ser analisada com cuidado. Segundo ele, mesmo funcionários públicos celetistas possuem estabilidade no emprego. "Os funcionários da Febem que o Alexandre Soares, ex-secretário de Justiça, mandou demitir, foram todos readmitidos pela Justiça do Trabalho, apesar de serem CLT", exemplificou.
Ele ressaltou que na área da saúde, o Estado trabalha com o modelo de parcerias com fundações e organizações sociais e filantrópicas classificadas por ele como "sérias". Questionado sobre a postura do PT, que criticou o projeto quando foi implementado em São Paulo e agora apóia a iniciativa no governo federal, Serra ironizou: "Eu não conheço o atual projeto, mas admitindo que seja algo parecido, não seria a primeira vez, não é? Não seria a primeira vez que o PT diz uma coisa na oposição e procura fazer outra no governo".