Depois de bombardear a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante vários dias, para barrar seu crescimento e impedi-lo de vencer as eleições no primeiro turno, o comando de campanha de José Serra (PSDB) decidiu hoje baixar o ritmo dos ataques, para avaliar melhor dois fenômenos inesperados. Primeiro, os números do tucano no Ibope e no Vox Populi, que ainda mostram Lula crescendo e Serra estagnado. Segundo, uma circunstância que, a esta altura, ninguém na equipe esperava: o fator Garotinho.
Devagar, o ex-governador do Rio voltou a subir nas pesquisas nas últimas duas semanas. Enquanto Serra parou em 19% no Ibope e caiu de 19% para17% no Vox Populi, o ex-governador passou Ciro Gomes (PPS), por 13% a 12% no Ibope e, segundo análises qualificadas, vem absorvendo mais do que Serra os eleitores que este tirou de Ciro e, que, agora, puxa de Lula com os torpedos.
A palavra de ordem entre coordenadores tucanos continua a mesma: garantir o segundo turno. ?Essa é uma questão de vida ou morte?, resume um dos presentes às reuniões estratégicas, em São Paulo. Em encontros mantidos pelo publicitário Nizan Guanaes em sua casa nos Jardins, zona sul da capital paulista, aos quais têm comparecido figuras do porte do banqueiro Olavo Setúbal e do empresário Cláudio Bardella, uma das idéias-chaves é que ?é preciso quebrar a onda? de Lula. Essa é uma expressão comum entre surfistas. Ela ensina que, quando alguém está no alto de uma forte onda, maior que as outras, chega muito mais rápido à praia. É preciso quebrar essa onda, que hoje é a de Lula. ?O problema é que a onda que vem atrás, como advertem os números das pesquisas, é a de Garotinho?, admite esse tucano.