Apesar de avisar à plateia que não falaria como eventual candidato à Presidência, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), fez hoje um discurso recheado de críticas à política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva no encerramento do Fórum Exame, na capital paulista, que abordou as alternativas para a retomada da economia depois da crise. Serra acusou o Banco Central (BC) de ser “patrono” de uma “ciranda financeira” baseada em juros altos e câmbio desvalorizado.

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O governador paulista comparou o efeito da atuação do BC ao esquema especulativo de pirâmide – no qual o rendimento dos investidores mais antigos é pago pelos recursos dos investidores mais recentes – criado pelo imigrante italiano Carlo Ponzi durante os anos 1920, nos Estados Unidos. “Eu tenho um câmbio que não me remunera como exportador, antecipo a entrada de dólar, aplico na maior taxa de juros do mundo, compro dólar mais barato e saio ganhando, numa cadeia da felicidade, uma espécie de efeito Ponzi caboclo”, afirmou.

Em entrevista após o evento, o tucano disse que o BC comete esse tipo de erro por falta de conhecimento. “Não é má-fé nem problema das metas de inflação, mas de insuficiente conhecimento da economia e de modelos inadequados que partem de demasiadas suposições, não muito realistas”, disse o governador.

Alerta

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Serra começou o discurso no evento alertando os convidados de que falaria como governador e economista. “Não estou concentrado em uma candidatura a presidente no ano que vem, portanto não poderia falar como candidato, embora o presidente da República, os partidos e a imprensa me encarem como candidato”, afirmou. “Não é uma condição que eu assumi. Portanto, vou me eximir de falar nessa condição.”

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão de Lula em 2010, foi convidada para participar do fórum, mas não compareceu. Faziam parte da audiência de Serra os economistas ganhadores do Prêmio Nobel Edward Prescott e Robert Mundell.

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