Belém (AE) – O juiz federal da cidade paraense de Altamira, Herculano Nacif, determinou ontem a indisponibilidade de cinco seringais registrados em cartório como se fossem propriedades da Amazônia Projetos Ecológicos, empresa do grupo C.R. Almeida. Ele também proibiu o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de pagar indenização à empresa pela desapropriação das terras, alegando que elas estão dentro da Estação Ecológica da Terra do Meio, criada em fevereiro do ano passado pelo governo federal.

continua após a publicidade

Os seringais Belo Horizonte, Mossoró, Caxinguba, Forte Veneza e Humaitá também estão localizados nas terras indígenas araweté e apyterewa. Nacif estabeleceu multa diária de R$ 100 mil caso sua decisão não seja cumprida. O tamanho dos imóveis supera 1,1 milhão de hectares, metade do estado de Sergipe. A ação civil pública com pedido de tutela antecipada foi impetrada pelo Ministério Público Federal.

O procurador da República em Altamira, Marco Antonio Almeida, disse que as terras, apontadas como particulares pelo empresário Cecílio do Rego Almeida, são públicas e foram "griladas". "O alastramento da corrupção perpetrado por Amazônia Projetos Ecológicos no âmago dos registros públicos no Pará significou e continua significando o desordenamento agrário, a violência no campo e a devastação ambiental", observou Almeida.

Para o juiz Nacif, a insegurança jurídica proveniente das fraudes para obtenção de terras "engendra um Estado paralelo, onde a força é a lei e os grileiros os legisladores". O empresário Cecílio Almeida não foi localizado para comentar a decisão da Justiça Federal.

continua após a publicidade