O serial killer Pedro Rodrigues Filho, conhecido como Pedrinho Matador, foi morto na manhã deste domingo (5) na rua José Rodrigues da Costa, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.
Responsável por mais de cem assassinatos, ele é considerado o maior serial killer brasileiro. Por seus crimes, passou 42 anos preso e foi solto em 2018.
Segundo a Polícia Militar, ele foi baleado por volta das 10h deste domingo em frente à casa de uma irmã. Pedrinho Matador ainda foi atendido pelo Samu, mas morreu no local.
Um veículo gol preto, que estaria envolvido no transporte dos suspeitos, foi localizado. Ainda não está claro qual o motivo do crime.
Pedro Rodrigues Filho morava em Itanhaém, no litoral paulista, mas tinha familiares em Mogi das Cruzes.
Após deixar a prisão, ele passou a atuar como youtuber, principalmente comentando crimes de grande repercussão e mostrando sua nova rotina.
Somente no Kwai, uma plataforma de vídeos curtos, o seu perfil (Pedrinho Ex-matador) tem 236 mil seguidores.
Em entrevista à Folha de S.Paulo sete meses após deixar a prisão, Pedrinho alertou os mais novos sobre os riscos da vida bandida. “O crime não é brincadeira. Muitos estão entrando por verem os galhos [fama e dinheiro], não a raiz [prisão e morte]. É como o diabo: dá com uma mão e tira com a outra. Tem muitos jovens que entram e, quando querem sair, já é tarde demais”, disse.
Entre as coisas que fugiam ao código de conduta estabelecido por ele para os jovens e que o incomodavam na época estavam quebrar pontos de ônibus, andar de skate nas calçadas, desrespeitar os mais velhos e mentir para os pais sobre o lugar para onde vão. “Vejo isso tudo com os meus olhos. Não é só a droga que atrapalha a vida das pessoas.”
Embora a maioria dos seguidores apoiasse os conselhos do serial killer, muitos o criticavam. Pedrinho, porém, desdenhava.”Eu dou risada. Esses caras são todos burros para caramba, não param para pensar no que falam. Por onde passei, eles não passam nem que a vaca tussa. Em vez de chegar na gente e conversar, saber quem é a pessoa, ficam falando abobrinhas”, afirmou na ocasião.
O matador dizia se sentir envergonhado quando era reconhecido nas ruas. “Até corro, me escondo. A pessoa chega e diz ‘eu te conheço de algum lugar’. Falo ‘eu não, você está enganado’. Mas alguns são cara dura e chegam, daí tiram foto”, afirmou. O assédio, entretanto, não o incomodava por completo. “Eu me sinto feliz porque as pessoas vão aprender um pouco sobre o que elas não sabem.”
Especialista em criminologia e autora do livro “Serial Killers: Made in Brazil”, Ilana Casoy afirma que Pedrinho não era um justiceiro, mas um vingador, por matar aqueles que ele considerava como o que há de pior na sociedade. “Quando alguém desobedece o código de ética dele, ele tem soluções muito próprias e que não seguem a lei.”
“Acaba exercendo fascínio nas pessoas. É reflexo da sociedade que a gente tem, de um país onde só 10% dos homicídios são resolvidos. Traz essa visão distorcida”, diz Ilana. “O problema é que as vítimas de Pedrinho não tiveram direito a um advogado, como ele teve”, completa.
Segundo Ilana, serial killer é aquele que matou duas ou mais pessoas, com intervalo de tempo entre as vítimas, com ritual que envolve uma densidade psicológica.
A criminóloga entrevistou Pedrinho e diz que o que mais chamou sua atenção foi a alegria, desenvoltura e inteligência dele.
“Muito claro e direto. Não se esconde atrás de nenhuma fala imprecisa. Apesar dos crimes, existe uma pessoa, que é o Pedro. E Pedro merece todo respeito, independentemente de todos os crimes que cometeu.”