Sequenciamento aponta que dengue 4 veio da Venezuela

O sequenciamento genético de duas amostras positivas do vírus da dengue 4 encontradas em Roraima indica que elas pertencem ao genótipo II da dengue 4, variante que circula na América Central, na Venezuela e na Colômbia e é o mesmo que foi detectado no Estado em 1982. Durante este período, o sorotipo não sofreu mutação. A descoberta foi feita por pesquisadores do Laboratório Central (Lacen) do Estado de Roraima, da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O resultado do estudo foi comparado ao genoma da dengue 4 já cadastrado no banco mundial de genomas, o que levou os pesquisadores a concluir que o vírus veio da Venezuela. “Tudo indica que a porta de entrada para a doença foi a Venezuela, onde há presença do agente infeccioso em algumas regiões”, disse o biomédico do Lacen, Rodrigo Melo Maito.

Segundo o professor da UFRR Pablo Oscar Amézaga Acosta, doutor em bioquímica farmacêutica pela Academia de Medicina de Magderburg, na Alemanha, as amostras foram processadas pela equipe do Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Estudos da Biodiversidade na UFRR, utilizando a técnica molecular (RT-PCR).

Depois, foram enviadas ao pesquisador Felipe Gomes Naveca, no Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD), unidade da Fiocruz em Manaus (AM), onde um segmento do genoma do vírus foi submetido à sequenciamento automatizado no laboratório de Biologia Molecular da Fundação Alfredo da Matta, também localizado em Manaus.

“Nossos resultados reforçam a importância das parcerias entre as instituições de pesquisa, principalmente na Região Norte, no intuito de fornecer uma resposta rápida e confiável frente a um importante agravo à saúde da população brasileira”, disse o especialista.

Amostras

A Venezuela faz fronteira com Roraima pela cidade de Pacaraima, a 250 quilômetros de Boa Vista. Ali, o trânsito de pessoas não sofre qualquer restrição. A partir de quinta-feira, uma equipe da Secretaria Estadual de Saúde vai até a localidade colher amostras de sangue de moradores que apresentaram sintomas da dengue nos últimos trinta dias.

O objetivo da ação, segundo a coordenadora de Vigilância em Saúde, Roberta Calandrini, é identificar se o sorotipo 4 circula na fronteira, a fim de verificar a dispersão do vírus, que já foi encontrado em Boa Vista e no município de Cantá. Até ontem, foram registrados 6.158 casos confirmados de dengue clássica e hemorrágica no Estado.

A maior preocupação com este sorotipo é que a maioria da população brasileira não tem imunidade contra ele, o que aumenta o risco de uma epidemia. Os sintomas são os mesmos da dengue clássica.

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