O compartilhamento de senhas entre os funcionários com acesso aos computadores da Casa Civil deve dificultar o trabalho dos peritos que analisam os seis computadores apreendidos no Planalto. O delegado da Polícia Federal Sérgio Menezes, responsável pelo inquérito que apura o vazamento do dossiê com gastos do cartão corporativo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, poderá recorrer aos interrogatórios e cruzamentos de datas e hora de utilização das máquinas para identificar o servidor responsável pelo vazamento.
Os cinco laptops e um computador de mesa foram apreendidos na terça-feira (8) no Palácio do Planalto, com a anuência da Casa Civil e começaram a ser periciados ontem na Superintendência Regional da PF em Brasília, com apoio do Instituto Nacional de Criminalística (IMC). A perícia ficará pronta na próxima semana. Esses seis computadores, de acordo com a Casa Civil, eram usados por um número restrito de funcionários, que dividiam uma senha.
A perícia nos computadores seria feita, inicialmente, pelo Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), vinculado à própria Casa Civil. Mas, no segundo dia do inquérito, o delegado resolveu recolhê-los para uma auditoria própria. ?O crime está organizado e informatizado, daí a importância de um quadro de peritos tão bem preparados como os nossos?, destaca Octavio Brandão Caldas Netto, presidente da Associação Nacional dos Peritos Federais.
Os peritos já adiantaram que podem encontrar dificuldades se a senha para abrir o computador é de uso comum, como acontecia na Casa Civil. Eles dizem que isso praticamente inviabiliza a identificação do usuário-alvo. O recurso, nesse caso, é promover cruzamento que inclui identificação de horários de acesso para tentar a individualização e interrogam os usuários.