Brasília – A empresária Sílvia Pfeiffer, que vem fazendo denúncias sobre casos de corrupção que existiriam na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), foi questionada nesta quinta-feira (21) pelos senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo do Senado sobre as motivações e a consistência de suas acusações.
Para o presidente da CPI, senador Tião Viana (PT-AC) a empresária ?disparou uma metralhadora giratória?, denunciando a todos que tinha conhecimento de terem participado de algum ato de corrupção. Ele afirma que, a partir das denúncias, a CPI irá buscar os fatos.
?Tudo que for fato será devidamente levado à votação em plenário da CPI e encaminhado ao Ministério Público Federal para abertura de inquérito. Tudo que não for fato vai ter que ser colocado como especulação. Não podemos cometer a irresponsabilidade de levar adiante aquilo que não se materializa?, disse.
A empresária acusou em seu depoimento o superintendente de Logística de Carga da Infraero, Luiz Gustavo Schild, de favorecer em licitações as lojas Duty Free. Pfeiffer disse ter levado as denúncias à Polícia Federal em 2005 sobre os esquemas de corrupção na Infraero. Ela era sócia da empresa Aeromídia que mantinha contratos com a estatal.
Segundo a empresária, a Duty Free pagava propina para Schild. Em contrapartida, ?Schild direcionava licitações para a Duty Free? para que as lojas não perdessem seus contratos em aeroportos.
Questionada pela relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO), sobre o porquê das denúncias, Pfeiffer respondeu que procurou a PF porque não concordava com o que estava acontecendo na Aeromídia. ?Procurei a Polícia, a Federal, e depois fiz a denúncia, em 2005, por não participar do esquema e não compactuar, e ser perseguida. Hoje estou numa situação financeira muito difícil e estou sendo perseguida até hoje, inclusive com ameaças de morte.?
Ela também disse que chegou a receber ameaças do publicitário Adilson Sá, que as teria feito a pedido do publicitário Duda Mendonça. ?Tive uma ligação da parte de Duda Mendonça e essa pessoa pediu para que eu queimasse toda a documentação. Uma pessoa, a pedido dele [Duda Mendonça], Adílson Sá, da empresa Sá Publicidade [ligou fazendo as ameaças]. Essa empresa tem contrato irregular com a Aeromídia para veicular publicidade dos Correios em aeroportos?, disse.
Pfeiffer afirmou que Duda estaria envolvido em outros contratos irregulares. ?Duda estava envolvido com o contrato no aeroporto daqui de Brasília", disse. "Era um contrato irregular sem licitação.?
A CPI vai continuar a ouvir Pfeiffer na próxima terça-feira (26), pois o depoimento dela teve de ser interrompido quando a empresária passou mal.