Num ato de solidariedade aos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS), destituídos ontem da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senadores de outros partidos e do próprio PMDB ameaçam paralisar a Casa com uma renúncia coletiva dos integrantes da comissão. Essa posição foi anunciada hoje pelo senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) e poderá ser adotada na próxima semana se o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), não voltar atrás na decisão de substituir os dois peemedebistas.
Na próxima semana, o grupo suprapartidário de senadores que já propôs uma série de medidas de moralização da Casa, incluindo a adoção do voto aberto e da sessão aberta para a votação de pedidos de cassação de mandato, voltará a se reunir para discutir o assunto."Cansei de discursos, temos que fazer alguma coisa", afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
A destituição de Jarbas e Simon foi decidida em jantar na casa de Raupp, que cumpriu uma determinação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os dois peemedebistas são contra a permanência de Renan no comando da Casa. Na sessão de hoje do plenário, Cristovam Buarque leu requerimentos dirigidos ao líder do PMDB. Dois do senador Heráclito Fortes (DEM-PI) que pede o recuo de Raupp e a intervenção do senador José Sarney (PMDB-AP), que também participou do jantar na casa de Raupp, em favor dos destituídos.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encaminhou ofício à Mesa se solidarizando com Jarbas e Simon. Se o líder do PMDB não atender aos apelos e mantiver sua posição, os outros partidos podem também ceder vagas, pelo menos de suplente, na CCJ para os dois peemedebistas.
O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) protestou a decisão do líder de seu partido, afirmando que isso deve gerar conseqüências na bancada que já está dividida. A crise no PMDB não é do interesse do Planalto já que sem a unidade partidária o governo fica enfraquecido nas negociações em torno da votação da Contribuição Provisória de Movimentação Financeira (CPMF).