Senadora democrata revela lobby em indicação da Anvisa

A liberação de defensivos agrícolas ?genéricos? no País acabou sendo usada como moeda de troca para a aprovação do nome do farmacêutico Dirceu Raposo de Melo na direção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), revelou a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Atual presidente da agência, Melo teve seu cargo de direção renovado em tempo recorde. Mesmo antes de o mandato expirar, sua indicação foi publicada no começo da semana passada no Diário Oficial e, na quarta-feira, já estava sendo sabatinado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado. A rapidez veio acompanhada de uma costura política feita com a participação direta do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), padrinho político do farmacêutico.

A negociação começou já na terça-feira, com ligações telefônicas para convencer senadores a votar favoravelmente pela manutenção de Raposo de Melo. Descontente com a lentidão da análise de processos para liberação de agrotóxicos, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) avisou que iria pedir vista do processo – o que atrasaria a recondução de Raposo de Melo.

?Fui chamada então para um café da manhã, na casa de Chinaglia, com a participação de Dirceu e do deputado Ronaldo Caiado?, contou a senadora. De acordo com Kátia, ao chegar ao encontro Dirceu foi logo perguntando: ?O que posso fazer por você?? Ela pediu rapidez. E ele concordou. A assessoria de imprensa da Anvisa confirmou o encontro.

A conversa, que seria mantida em reserva, porém, foi revelada pela própria senadora, antes de ela declarar seu voto durante a sabatina. Depois da sessão no Senado, ela contou: ?Queria o compromisso público. Deu resultado. Logo depois da sessão, Melo ligou para o deputado Ronaldo Caiado, combinando um novo encontro.

As revelações feitas pela senadora durante a audiência provocaram constrangimento. Agências reguladoras foram criadas na tentativa justamente de manter independência. Seu regulamento foi feito pensando principalmente em ?blindar? diretores contra eventuais pressões de setores produtivos ou políticos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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