Brasília (AE) – A CPI dos Bingos, instalada no Senado, não desistiu de ouvir o caseiro Francenildo Santos Costa. O presidente da comissão, senador Efraim Moraes (PFL-PB), protocolou ontem, uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter decisão tomada na semana passada que impediu o depoimento de Costa, ex-funcionário da mansão que, segundo o caseiro, era freqüentada pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
No depoimento, Francenildo estava confirmando afirmações feitas em entrevista, segundo as quais Palocci freqüentava uma casa no Lago Sul, em Brasília, alugada por ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto para promover festas e suposta partilha de dinheiro. Mas só iniciou o depoimento, porque a CPI foi obrigada a suspender por decisão do STF.
O ministro do STF Marco Aurélio Mello foi sorteado relator da ação. A expectativa é de que ele negará o pedido da CPI já que há um entendimento do tribunal segundo o qual não é possível ingressar com um mandado de segurança para tentar derrubar decisão de um ministro do Supremo. No mandado de segurança protocolado no STF, o presidente da CPI sustenta que a comissão quer apurar suspeitas de um esquema de corrupção para captação e repartição de recursos públicos por integrantes da chamada República de Ribeirão Preto.
Na decisão que suspendeu o depoimento, o ministro Cezar Peluso disse que os fatos não têm conexão com o tema investigado pela CPI que foi criada para apurar a utilização das casas de bingo para a prática de crimes de lavagem e ocultação de bens, direitos e valores e o suposto envolvimento do setor com o crime organizado.Em seu novo pedido de suspensão da liminar, os advogados do Senado alegam que as decisões de Peluso e do ministro Nelson Jobim interferem nos trabalhos do Legislativo.
Caseiro vai hoje à Polícia Federal
Brasília (AE) – Na ambígua condição de acusador e investigado, o caseiro Francenildo dos Santos Costa presta depoimento hoje à Polícia Federal. A PF quer saber quem são os responsáveis pela quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro e, ao mesmo tempo, checar a origem do dinheiro depositado na conta dele de janeiro a março deste ano – operações bancárias já assumidas pelo empresário Eurípedes Soares da Silva, a quem o caseiro aponta como seu pai biológico.
Esta é a segunda vez que Costa comparece à PF. A primeira ida de Costa foi em 16 de março. As primeiras investigações revelaram que, nesse dia, no exato momento em que Costa se inscrevia no programa federal de proteção de testemunhas perante o coordenador-geral de Defesa Institucional da PF, delegado Wilson Damásio, um funcionário da Caixa Econômica, com senha de gerente, entrou na conta de poupança do caseiro, cujos extratos revelaram movimentações de cerca de R$ 38 mil e saldo de R$ 25 mil.