Brasília – O governo terá mesmo de enfrentar duas CPIs do Apagão Aéreo. Não bastasse a investigação aberta na Câmara há duas semanas, o Senado instala hoje sua própria apuração, que pode causar certa preocupação para o Palácio do Planalto: diferentemente da maioria folgada de governistas na relação dos deputados que participam da CPI, entre os senadores a margem de votos favorável ao governo será estreita. Além disso, líderes de partidos aliados e de oposição fecharam um acordo para dividir os postos de comando da comissão.
Caberá ao partido Democratas (ex-PFL) o direito de apontar o nome do relator da CPI, que deverá ser aprovado sem protestos pelos demais participantes da comissão. O presidente da comissão que os senadores elegerão assim que a CPI for instalada, será um governista.
O nome mais forte para assumir o comando da investigação é o do senador petista Tião Viana (AC). O acerto que gerou desconfiança por parte de senadores independentes e de oposição, foi fechado com a bênção do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e da líder petista Ideli Salvatti (SC).
Dos 13 titulares da CPI do Apagão Aéreo no Senado, oito são de partidos governistas e cinco da oposição. Mas a contabilidade de um líder aliado aponta a possibilidade de o jogo acabar empatado no plenário da comissão. É que o titular do PDT, senador Osmar Dias (PR), é do grupo independente do Senado, embora o presidente nacional de seu partido, Carlos Luppi, seja o ministro da Previdência Social do governo Lula.
A oposição conta com o voto de Osmar Dias. Só o suplente pedetista – senador João Durval (BA), é contabilizado como voto favorável ao governo. Com um governista na presidência e considerando-se que o presidente só vota em caso de empate, restarão dez votos de titulares em um plenário rachado literalmente ao meio, com cinco senadores da bancada aliada ao Planalto e cinco da oposição.
Ontem, no entanto, havia mais independentes e oposicionistas preocupados com o resultado do inquérito do que governistas. ?Meu sentimento é de desconfiança?, confidenciou Osmar Dias a um correligionário. ?A gente sente no ar um clima de acordo para que a investigação fique só no apagão aéreo, deixando de lado a Infraero, que foi o motivo pelo qual a oposição pediu a CPI?, explicou.