Brasília (AE) – O ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) Luiz Augusto Candiota e quem mais se apresentar como vítima de chantagem de quem se diz dispor de dados sigilosos em poder da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Banestado no Congresso serão ouvidos no Senado em duas sindicâncias destinadas a investigar a denúncia publicada no jornal O Estado de S.Paulo no último sábado. O corregedor da Casa, Romeu Tuma (PFL-SP), afirma que este é o caminho para identificar os responsáveis pelos achaques. Já o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), quer que, além de Candiota, também sejam ouvidos os integrantes da CPI no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), espera concluir as investigações em, no máximo, quinze dias. “O que o Senado quer é mostrar à sociedade que não há qualquer omissão neste caso tão grave”, afirmou.
O presidente da comissão, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), deu um outro rumo às investigações que, segundo ele, complementará à dos colegas. Barros encaminhou uma cópia da reportagem ao procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, no ofício em que lhe pede a “imediata apuração para identificar os responsáveis pela tentativa de extorsão contra pessoas supostamente envolvidas em crimes de evasão de divisas, a partir de dados existentes nos arquivos da comissão”.
De acordo com o texto, pelo menos oito pessoas, entre empresários e executivos do mercado financeiro, foram chantageados nos últimos seis meses com dados da CPI mista do Banestado no Congresso. Tuma reconheceu que a jornalista tem o direito de preservar as fontes, mas acha que ela pode ajudar na sindicância. Ele fez ainda um apelo a quem foi alvo de pressão ou constrangimento para que se identifique e ajude na apuração. Segundo Tuma, somente depois de a Corregedoria concluir a sindicância é que o Conselho de Ética terá como se manifestar.
Na representação em que encaminha o assunto ao conselho, Virgílio ressalta que a “situação (decorrente da chantagem) se agrava quando se constata que boas fontes do mercado financeiro já comentavam que informações sigilosas (obtidas pela CPI) se espalharam de modo indiscriminado. O senador Antero reiterou que não houve vazamento na comissão”.
Da tribuna, o líder do PSDB no Senado acusou o governo de tentar desmoralizar a CPI mista do Banestado, “fazendo com que ela caísse na esparrela”, para desviar as denúncias contra os presidentes dos Bancos Central (BC), Henrique Meirelles, e do Brasil (BB), Cássio Casseb, e Candiota. “O governo colocou a CPI no banco de réus, retirou seus protegidos e tentou fazer com que ninguém percebesse como é desastrado e desarticulado”, alegou.