Sem visto, 300 estudantes podem ser deportados do CE

Cerca de 300 estudantes universitários de Guiné-Bissau que moram em Fortaleza correm o risco de serem deportados do Brasil, de acordo com o Ministério Público Federal no Ceará.

Segundo um grupo de cerca de dez alunos, que procurou a Procuradoria na semana passada, eles estão com dificuldades em arcar com os reajustes anuais nas mensalidades das instituições particulares em que estudam.

Sem o pagamento em dia, não conseguem renovar os vistos provisórios de permanência no país e ficam assim em situação ilegal.

Para tentar solucionar o caso, o Ministério Público solicitou esta semana às faculdades Evolução e Fatene -que mantém convênios com os países de língua portuguesa na África- que assinem um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).

O documento, que deve ser homologado até amanhã, é o primeiro passo para a regularização dos estudantes.

Proposto pela procuradora Nilce Rodrigues, o termo prevê o parcelamento das dívidas em seis vezes, sem acréscimos de juros ou multa por atrasos de até 30 dias.

O valor é referente à quantia inicial cobrada aos alunos quando ingressaram nas instituições, sem reajustes e com um bônus de desconto.

A procuradora apura se as universidades fizeram propaganda enganosa em Guiné-Bissau, onde eles prestaram vestibular.

“Existe uma variação na referência cambial. Mas as estimativas dos custos de comida e alojamento não condiziam com a realidade da capital cearense. Isso não ficou esclarecido para os africanos”, afirmou a procuradora.

A reportagem ligou para as universidades, mas elas não quiseram comentar o caso.

Deportação

Na última terça-feira, duas estudantes de Guiné-Bissau foram detidas e posteriormente liberadas pela Polícia Federal quando estavam distribuindo panfletos no shopping Benfica, centro de Fortaleza.

Uma delas, em situação irregular, teve de pagar multa e foi intimada a regularizar sua situação até o início da semana que vem, sob o risco de ter que deixar o país.

Um defensor público da União já está cuidando do processo de deportação.

Com dificuldades para se manter no Brasil, muitos alunos de Guiné são obrigados a fazer pequenos trabalhos para pagar pelos estudos, moradia e alimentação.

Para obter o visto de estudante, os jovens ficam proibidos de realizar trabalhos remunerados não acadêmicos.

A concessão é renovada anualmente pela PF, a partir de documentos expedidos pelas universidades.

A instabilidade econômica e política em Guiné-Bissau também contribui para o impasse. Em abril, o país sofreu um golpe de Estado.

Segundo os estudantes, que preferem não se identificar, seus familiares passam por dificuldades financeiras e não conseguem enviar dinheiro.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna