A partir de 9 de junho, quando a Varig deixa de operar sua última rota intercontinental, a TAM aumentará sua hegemonia na operação internacional, já evidente em março deste ano, quando a companhia respondeu por 68,88% dos vôos ao exterior. A estréia da TAM no segmento se deu em 1998, com vôos para Miami. Hoje, ela voa para 17 destinos fora do País.
Em 1987, o panorama do mercado era parecido, mas com a Varig detendo o monopólio. Em 2002, quando o setor ainda reagia aos ataques de 11 de setembro, a Varig ainda mantinha forte atuação, ou 87% do fluxo de passageiros para fora do Brasil.
?Foi muito corajosa a atitude da Gol (de encerrar a operação intercontinental da Varig). Ela estava perdendo valor de mercado e tendo prejuízo. A Varig vai ser mais um serviço do que uma empresa?, diz o consultor aeronáutico Paulo Bittencourt Sampaio. A escalada do preço do combustível, competição acirrada e aviões antigos e sem equipamentos de entretenimento são alguns dos principais fatores da derrocada da Varig no exterior, analisa Sampaio.
Para ele, a falta de acordos de compartilhamento de assentos no exterior também prejudicou a Varig, que saiu da aliança global Star Alliance. Foi essa justamente a estratégia que a TAM usou para aumentar sua presença lá fora, com acordos com ex-parceiras da Varig, como a Lufthansa, acredita Sampaio.
O consultor também lembra da forte concorrência das empresas internacionais, que acirraram a competição com preços mais baixos, aviões novos e sistemas de entretenimento modernos, itens valorizados por passageiros de vôos de longa duração. Com isso, praticamente ocuparam o espaço deixado pela Varig com a sua crise. Em 2006, as companhias estrangeiras responderam por 71,5% do tráfego internacional, enquanto as brasileiras ficaram com 28,5%. No ano passado, estima-se que essa relação mudou para 65% ante 35%.