Desde a madrugada de hoje, aproximadamente mil integrantes do Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC) ocupam dois prédios na Rua Brigadeiro Tobias e Avenida Prestes Maia, no centro de São Paulo. Eles reivindicam a desapropriação dos imóveis, que acumulam uma grande dívida de IPTU; financiamento para a reforma de 249 apartamentos e ainda um lugar para a acomodação das famílias durante a obra.
Dono dos dois prédios, que são interligados, o empresário Fauzi Hamuche se diz favorável à causa do movimento, mas mesmo assim, promete entrar amanhã (05) com um pedido de reintegração de posse. ?Espero que até a decisão da Justiça os sem-teto consigam chegar a um acordo com a Prefeitura?, disse.
Segundo o MSTC, o empresário deve mais de R$ 3 milhões em IPTU, ou pouco menos do que o valor de mercado do edifícios, avaliado pela Caixa em R$ 3,5 milhões. ?Praticamente os prédios já pertencem à Prefeitura, basta oficializar a situação?, disse uma das coordenadoras do movimento, Ivanete de Araujo.
Já Hamuche, que arrematou os edifícios em sociedade com a administradora de imóveis Daise Amorim durante um leilão em 1991, alega que a dívida está em torno de R$ 1 milhão e contesta o valor do mercado. ?Eles valem pelos menos R$ 8 milhões.? É essa divergência de valores que está emperrando as negociações com a Prefeitura, iniciadas há mais de um ano.
Segundo comerciantes, os edifícios estão abandonados há 15 anos. Falta energia, os banheiros estão destruídos e há uma única torneira no térreo. As vidraças estão quebradas e os elevadores viraram depósito de lixo. Nesse cenário desolador, o pequeno Mateus, de 28 dias, dormia ao lado da mãe, a desempregada Maria José da Silva, de 19 anos. ?Vale qualquer sacrifício para conseguir uma moradia.?