Brasília – O empresário Zuleido Veras, dono da Construtora Gautama, recusou-se a depor no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e vai continuar preso na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, por determinação da ministra Eliana Calmon, que preside o inquérito 544 que trata das fraudes apontadas pela Polícia Federal na Operação Navalha.

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Zuleido é o terceiro investigado que se nega a prestar depoimento. Os outros foram dois sobrinhos do governador do Maranhão, Jackson Lago, liberados posteriormente por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF): Francisco de Paula Lima Júnior e Alexandre Maia Lago.

Zuleido deveria ter prestado depoimento após uma parada para almoço, realizada depois que Maria de Fátima Palmeira, diretora comercial da Gautama, acabara de depor. Mas o empresário entrou na sala e saiu logo em seguida. Entrou no camburão da PF e seguiu para a prisão. Lá deverá ficar, assim como Fátima, que recebeu ordem de permanecer presa até que o depoimento dele fosse encerrado.

Segundo as investigações da PF, Fátima era o braço-direito de Zuleido, apontado como mentor do grupo acusado de fraudar licitações e desviar recursos destinados a obras públicas e programas sociais como o Luz para Todos. Ambos foram presos no dia 17, durante a Operação Navalha.

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Zuleido seria o 39.º dos 47 presos a prestar depoimento. Até o momento, o único investigado preso que não foi ouvido é o deputado distrital Pedro Passos (PMDB), que obteve habeas corpus do STF. Segundo a assessoria do STJ, até o momento, Passos não formalizou a intenção de depor. Ele deveria ter sido ouvido na quarta-feira passada, mas foi solto na noite anterior por causa do habeas corpus, concedido pelo ministro Gilmar Mendes. No mesmo dia, a ministra Eliana Calmon retirou o nome do distrital da relação de depoentes por acreditar que, uma vez solto, ele não voltaria ao STJ para depor.

Mendes, que foi questionado por conceder liberdade a suspeitos presos pela PF, criticou durante a semana o vazamento de informações sigilosas da investigação. A afirmação do ministro foi feita após gravações divulgadas pela imprensa e possivelmente feitas pela Polícia Federal, em que aparece um nome igual ao dele. Não há detalhes confirmados sobre a gravação e se ele significa alguma linha de investigação. Segundo Mendes, isso seria uma tentativa de amedrontá-lo por conta dos julgamentos de habeas corpus relacionados à investigação.

Irmão de Zuleido

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Também preso na Operação Navalha da Polícia Federal, Dimas Soares de Veras, irmão do dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, foi solto na tarde de ontem pela Justiça. A decisão de libertar Dimas foi tomada pela ministra Eliana Calmon.

Por volta de 14 horas, Dimas foi levado da Superintendência da Polícia Federal em Brasília para a sede do STJ, onde foi interrogado por cerca de duas horas. Com prisão preventiva revogada, ele deixou o prédio do tribunal na companhia de uma advogada e não falou com a imprensa.

Até o fechamento desta edição, seis acusados de envolvimento na fraude das licitações públicas ainda iriam depor: João Manoel Soares Barros, empregado da Gautama, Abelardo Sampaio Lopes Filho, engenheiro e diretor da Gautama; Gil Jacó Carvalho Santos, diretor financeiro da construtora; Rodolpho de Albuquerque Soares de Veras, filho do dono da empreiteira; a funcionária Tereza Freire Lima, além de Henrique Garcia, administrador ligado à empresa.