São Paulo
– A campanha de José Serra (PSDB) à Presidência deve passar por profundas modificações neste segundo turno. Os políticos, antes alijados do comando estratégico, já estão sendo mais ouvidos, o governo federal, antes esquecido, foi engajado no esforço de caça aos votos. A tática, agora, diante da possibilidade de não haver debate entre os dois presidenciáveis, é tentar colar no adversário duas imagens: a de “arrogante” que não quer debater porque já se julga eleito, e a de despreparado e capaz de jogar o país em uma crise grave.As declarações de Serra comparando Lula ao presidente venezuelano Hugo Chávez – que irritaram o PT – visam provocar o adversário e preparar o terreno para a hipótese de o petista não participar de nenhum debate. Serra quer participar de três debates, nas redes Bandeirantes, Record e Globo, enquanto o petista diz que quer um debate único, de um pool de emissoras, no domingo à noite, no mesmo horário do “Fantástico”. Em outras palavras, as condições impostas por Lula podem inviabilizar o debate único pela falta de entendimento entre as emissoras.
Os tucanos apostavam nos debates como principal chance de provocar um erro do adversário, o que é fundamental para manter as chances de Serra. O tucano não apenas precisa ganhar os eleitores que ficaram sem candidato, como precisa desgastar a imagem do adversário e reverter votos que ele teve no primeiro turno. Para a hipótese de não haver debates, Serra encaminha um “plano B”. Diz, desde já, que Lula é arrogante e despreparado. Se, de fato, o adversário não for a nenhum debate, esses adjetivos ganham amparo nos fatos e ajudam a arranhar a imagem do adversário.
Simultaneamente, o presidente Fernando Henrique Cardoso e equipe entraram na campanha para valer. Não apenas o presidente, mas Armínio Fraga e mesmo Pedro Malan têm batido repetidamente na tecla do risco político que Lula representa para a economia do País. É a mesma tática usada por FHC em 1998. Na época, diante da crise mundial, a propaganda tucana apostou no medo dos eleitores para garantir a vitória no primeiro turno.
Amparados pelo bom resultado de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, tucanos tentam convencer Serra a assumir o governo federal e fazer propaganda de suas realizações. O governador paulista fez isso na disputa em São Paulo e teve 2 milhões de votos a mais que Serra no Estado. Quem defende esta tese é o candidato a vice-governador na chapa de Geraldo Alckmin, em São Paulo, Cláudio Lembo. Ele acredita que foi um erro Serra distanciar do governo FHC. Segundo ele, em oito anos existem muitos erros que um governo pode cometer, mas também há um grande número de acertos, entre eles a estabilidade econômica.