Brasília – No rastro do PMDB, que ameaçou deixar a base governista e deverá garantir uma terceira vaga na Esplanada dos Ministérios, os outros partidos aliados do Planalto aumentam a movimentação nesta semana para ampliar também sua participação no governo de coalizão prometido pelo presidente Lula. Com a quarta maior bancada da Câmara, de 55 deputados, o PP, por exemplo, é o primeiro na fila de espera por um lugar no primeiro escalão, já que não foi contemplado na reforma ministerial do início do ano.
Na tentativa de pacificar a bancada, a cúpula do PTB também apresentará esta semana a Lula suas condições para continuar sendo o partido mais fiel nas votações de interesse do governo: quer uma segunda pasta na equipe ministerial e uma ampliação substancial – de R$ 60 milhões para R$ 500 milhões – da dotação orçamentária administrada pelo ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia. Depois de ter suado a camisa para quebrar uma obstrução de quase três meses na Câmara, promovida com a ajuda de partidos da base, o líder do governo, deputado Professor Luizinho (PT-SP), diz considerar natural e justa a expectativa dos aliados. E confirma a intenção do presidente Lula de ceder, pelo menos, à ambição do PP.
"O PP já deixou claro que gostaria de estar no painel de primeira exposição do governo e parece que agora chegou o momento adequado de isso acontecer", diz Luizinho. De qualquer forma, causou constrangimento o anúncio feito pelo presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), de que o líder da bancada, Pedro Henry (MG), seria ministro. O nome de Henry, porém, é realmente o mais cotado dentro do partido para assumir um posto no governo, possivelmente no lugar de Agnelo Queiroz, do PCdoB, no Ministério dos Esportes.
"Houve uma precipitação do deputado Pedro Corrêa. Nesses primeiros dois anos, temos sido sustentáculos para as ações do governo no Congresso mesmo sem ter um ministério. Essa questão não é fundamental. Mas quem quer aliados faz carinho", observa Henry, tocando em assunto caro ao Planalto: "Nosso apoio à reeleição de Lula dependerá muito de nossa relação daqui para a frente".
O PTB poderá ter um pouco mais de dificuldade para ganhar um segundo ministério. Mas, em reunião na última quarta-feira, o partido já decidiu até o nome de seu candidato a ministro: o deputado Luiz Antônio Fleury Filho (SP). Com isso, o presidente da legenda, deputado Roberto Jefferson (RJ), poderá evitar uma disputa pela liderança da bancada. Fleury poderá desistir de concorrer ao cargo com o atual líder, José Múcio (PE).
Reforma ministerial em câmera lenta
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no início da noite de sexta-feira que não está preocupado com a reforma ministerial e que a data marcada para a próxima reunião com todos os seus ministros não tem relação com a entrada de novos integrantes do PMDB no governo. A reunião ministerial está marcada para os próximos dias 10 e 11, véspera da convenção na qual os pe-emedebistas devem decidir se continuam no governo ou não.
As declarações foram dadas pelo presidente numa conversa informal com jornalistas depois da cerimônia de despedida do secretário de Imprensa da Presidência, Ricardo Kotscho. Numa referência ao que havia dito no discurso, os jornalistas perguntaram se o presidente havia estado muito atarefado nos últimos dias com a reforma ministerial: "Não estou preocupado com isso. Essas coisas têm o tempo certo para acontecer. Não tem um prazo para isso", respondeu o presidente, que se emocionou na despedida do assessor, de quem é amigo há mais de 25 anos. O presidente negou que a reunião ministerial tenha relação com o encontro do PMDB: "A reunião não tem nenhuma vinculação. Era dia 10 ou dia 17, que já está muito próximo do Natal. Eu vou para Cuzco e quando eu voltar faço a reunião. Tem muito tempo que não fazemos nenhuma", afirmou.