Nesta quarta-feira, 28, pelo segundo dia consecutivo, São Luís amanheceu sem ônibus. Os rodoviários mantiveram 100% da frota nas garagens das 25 empresas de transporte urbano. Uma rodada de negociações entre patrões e empregados, terminou na noite desta terça, 27, sem acordo e uma nova tentativa de equacionar a situação será feita na tarde de hoje, no Ministério Público do Trabalho.
Ao todo cerca de 750 mil pessoas deixaram de ser transportadas nos dois dias de paralisação total – a greve entra em seu sétimo dia, porém só ontem os rodoviários decidiram parar por completo – e os maranhenses estão se virando como podem para chegar ao trabalho.
Enquanto as médias e grandes empresas montaram esquemas próprios para transportar seus empregados com ônibus ou vans fretados, o cidadão comum está utilizando o transporte alternativo – moto-taxi, taxi-lotação, taxi, vans – alguns deles não licenciados.
A greve tem criado situações inusitadas. Ontem, uma manifestação de motoristas e cobradores acabou esvaziada soba a alegação de que os trabalhadores não conseguiram chegar a concentração – marcada para a Praça Deodoro, tradicional ponto de reunião de manifestações de São Luís – por falta de transporte coletivo.
Em outro ponto da cidade , o motorista de ônibus Claudionor Ferreira, 42 anos, tirou a sua VW Kombi da garagem e começou a trabalhar no transporte alternativo, transportando passageiros entre a Vila Nova (Zona Rural de São Luís ) e a zona nobre da cidade. Ele cobra R$ 5 por passageiro. “Já que estamos em greve, decidi pegar minha Kombi e oferecer o serviço de transporte alternativo a quem ficou sem ônibus. Se a greve durar, vou continuar com esse trabalho”, afirmou.
Reunião
Os empregados chegaram a propor um reajuste salarial menos do que o exigido originalmente – reduziram o pleito de 16% para 11% – porém os empresários que alegam que em um repasse de R4 4 milhões da prefeitura da capital maranhense, não teriam como aceitaram a proposta, uma vez que estariam tendo prejuízos da ordem de R$ 9 milhões.
“Só vamos voltar a rodar quando resolver a situação dos trabalhadores e esperamos que hoje resolva a situação. Ontem, baixamos nossa proposta e agora estamos nas mãos da prefeitura e da classe patronal. O trabalhador quer trabalhar”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão (STTREMA), Gilson Coimbra.
Por sua vez a Prefeitura de São Luís, que mediou a reunião, descartou a possibilidade de reajustar a tarifa do transporte coletivo e apresentou um plano para tentar recuperar o sistema de transporte urbano da capital maranhense.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), José Luiz de Oliveira Medeiros, afirmou que sem o repasse de recursos não tem como bancar qualquer reajuste ou benefício. “Lamentavelmente ir para uma negociação sem condições de oferecer nada é desgastante para as duas partes. Por isso é que não foi possível esse entendimento”, argumentou Medeiros.