Às vésperas da retomada das negociações para a reabertura do mercado europeu à carne brasileira, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou nesta quarta-feira (13), no Senado, que alguns frigoríficos venderam carne de animais não rastreados para a União Européia (UE). A incapacidade do governo brasileiro de garantir a rastreabilidade do gado foi o que levou as autoridades européias a suspender as compras de carne de Brasil no último dia 1º.

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"Hoje eu tenho certeza disto: eles (frigoríficos) exportaram para a União Européia carne rastreada e não rastreada", afirmou Stephanes, durante audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. Ao deixar a reunião, o ministro evitou estender-se no assunto. "Eu prefiro não ter fogo amigo", disse. Segundo o ministro, a suspensão das exportações provoca prejuízo diário de R$ 5 milhões ao Brasil.

Como forma de atender às exigências do bloco europeu, o sistema de rastreabilidade do rebanho nacional começou a ser implementado em 2002, quando era ministro da Agricultura o atual presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Marcus Vinícius Pratini de Moraes.

Apesar de Stephanes ter evitado dar mais detalhes sobre o problema, representantes da iniciativa privada avaliaram que o estrago está feito. "O ministro deu um tiro no próprio pé", resumiu uma fonte. Já a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), uma das líderes dos ruralistas no Senado, lembrou que os certificados de exportação são emitidos pelo ministério. "A declaração é gravíssima", disse ela.

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Durante a audiência, Stephanes também criticou indiretamente seus antecessores, que, segundo ele, não fiscalizaram as empresas certificadoras, que são responsáveis pela rastreabilidade dos animais. Ele disse que a situação delas era "um escândalo". Segundo o ministro, uma fiscalização feita pelo ministério recentemente "eliminou" 20 empresas de uma lista de 71 reconhecidas pelo governo federal para a execução do trabalho.

Bruxelas

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Amanhã, em Bruxelas, o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz, do Ministério da Agricultura, inicia as negociações para tentar reabrir o mercado da União Européia (UE) para a carne bovina brasileira. As vendas estão suspensas porque o Brasil apresentou em janeiro uma lista de 2.681 fazendas que, segundo o governo brasileiro, estavam aptas a exportar para o bloco, contrariando a orientação dos europeus de que a relação tivesse apenas 300 propriedades.

Kroetz deverá apresentar uma segunda lista, em substituição à primeira, que foi rejeitada pela UE. Segundo Stephanes, a nova lista indicará o nome de cerca de 600 propriedades e que a idéia é negociar posteriormente a ampliação do número de propriedades credenciadas.