Uma hora antes de embarcar no avião da TAM, já no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) tentou mudar o vôo em que embarcaria. Ligou para a assessora Nelci Bock, em Brasília, e pediu que ela tentasse remanejá-lo para um vôo da Gol. O deputado queria ir direto para o Aeroporto de Guarulhos, onde embarcaria às 22h10 para Washington. "Ele pediu para eu tentar mudar, mas vi que o vôo da Gol também ia para Congonhas. Não tinha nenhum vôo direto para Guarulhos naquele horário. Como não fazia diferença, ele disse que não precisava mudar, então", lembrou Nelci, no gabinete de Redecker.
Como líder da minoria (oposição) na Câmara, Redecker comprou várias brigas neste primeiro semestre. A maior delas foi pela instalação da CPI do Apagão Aéreo. Diante de várias manobras dos governistas para evitar a investigação, Redecker teve de ser contido pelos colegas para não partir para a agressão física ao presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Leonardo Picciani (PMDB-RJ). Em maio, em discurso no plenário, criticou o loteamento político da Infraero e a opção da estatal por obras cosméticas, de reformas do pavilhão de passageiros, e não por melhorias em infra-estrutura.
O tucano embarcaria para Washington com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ), para participar do Encontro dos Membros do Grupo Parlamentar Brasil-Estados Unidos. Voltaria ao Brasil na noite de domingo. Segundo Nelci, Redecker chegou a pensar em viajar pela manhã de Porto Alegre para São Paulo, no mesmo vôo em que embarcaram a mulher a filha mais velha. Mas, como tinha compromissos na capital gaúcha, decidiu deixar o vôo para o fim da tarde. Salete e Mariana já estavam em São Paulo na hora do acidente.