Os jovens da América Latina e do Caribe enfrentam índices de desemprego muito maiores que os dos adultos, destaca o relatório "Trabalho Decente e Juventude", divulgado hoje pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo o estudo, o desemprego aberto da faixa mais jovem da população dessas regiões atinge 17%, comparado com um a taxa de 6% entre os adultos. A OIT destaca que, em alguns países, a diferença chega a ser ainda maior que essa relação de quase três vezes. Entre os desempregados, destaca o estudo, os jovens representam 46% do total.
Usando dados de estimativa da população total da América Latina e do Caribe feita pela Cepal, combinados com as estruturas da população em idade de trabalhar provenientes das pesquisas de domicílios de 17 países da área, a OIT calcula que, dos 106 milhões de jovens na região em 2005, 48 milhões trabalham, 10 milhões estão desocupados e aproximadamente 48 milhões em condição de inativos. Para mensurar o universo dos jovens que não estudam nem trabalham, a OIT somou os desempregados que não estudam (6 milhões) com os inativos que não estudam (16 milhões) chegando ao total de 22 milhões de jovens que não estudam, nem trabalha.
O relatório diz ainda que mais de 30 milhões de jovens trabalham na informalidade ou em condições precárias. Ainda segundo a OIT, a precariedade nos mercados de trabalho da região afeta um de cada dois trabalhadores, e entre os jovens, dois de cada três.
O estudo chama a atenção que, na América Latina e no Caribe, nunca houve tantas pessoas com idades entre 15 e 24 anos. "É provável que no futuro esse número pare de crescer, visto que as projeções indicam, a partir de 2015, uma taxa menor de crescimento da população. A diminuição da população, em si mesma não significará uma grande queda do desemprego juvenil ou das pressões por trabalho".
Entre aqueles que só estudam, cerca de 80% têm entre 15 e 19 anos de idade e entre os que só trabalham, 68% têm entre 20 e 24 anos. A OIT diz ainda que, enquanto aqueles que estudam e trabalham concentram-se nos estratos mais altos de renda familiar per capita, os que não estudam nem trabalham concentram-se nos estratos médios e de baixa renda.
A Organização Internacional do Trabalho sugere, maior atenção a dois grupos, do ponto de vista da formulação de políticas públicas: os que trabalham em atividades informais e por isso colocam em risco suas perspectivas de futuro; e os que não estudam nem trabalham. "Ambos têm necessidades e características diferentes e no seu interior coexistem diversas situações. Desde cedo, todos os jovens deveriam estudar; porém, já a partir dos 15 anos, há quem deixou de fazê-lo. O mais provável é que esses estejam trabalhando desde crianças e, portanto, iniciem sua juventude com sérias dificuldades para começar uma trajetória de trabalho positiva", diz o relatório.
Segundo a OIT, o número de jovens que trabalha triplica entre os 15 e 24 anos. "A forma como se dão as primeiras inserções no mercado de trabalho é essencial não só para definir as expectativas de trabalho dos jovens, mas também suas perspectivas de empregabilidade no futuro.
Dos jovens que não estudam nem trabalham, 79% vivem em áreas urbanas, diz o relatório. Desse grupo, 72% são mulheres, 56% têm entre 20 e 24 anos de idade; 37% são casados ou "conviventes" e essa porcentagem aumenta para 49% no caso das mulheres. "A alta presença feminina explica-se pela deserção escolar, assim como pelas maiores dificuldades que as jovens enfrentam para ingressar no mercado de trabalho.