O secretário da Agricultura de São Paulo, Arnaldo Jardim, admitiu que deputados governistas cederam a pressões de colegas para aprovar projeto do deputado Feliciano Filho (PSC) que institui a “Segunda Sem Carne” em órgãos públicos do Estado. A proposta, que ainda precisa de sanção do governador Geraldo Alckmin (PSDB), proíbe o fornecimento de carne às segundas-feiras em cantinas e refeitórios de locais públicos.

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Em áudio enviado a representantes do setor rural por WhatsApp, Jardim relata que o governo tinha dificuldades para obter os votos necessários à aprovação do orçamento de 2018. O Executivo precisou, em troca de apoio, negociar o apoio a projetos individuais, incluindo o de Feliciano. “A liderança do governo não conseguiu segurar a bancada que exigia, para aprovar outras medidas, que esse projeto pudesse passar na Assembleia. Nós vamos trabalhar para vetá-lo”, diz Jardim. À reportagem, ele confirmou o áudio, mas disse que a negociação partiu do Legislativo. “O governo não apoiou este projeto.” E reiterou que apoia o veto ao texto.

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No áudio, Jardim afirma que, “do ponto de vista de uma pecuária sustentável, dos cuidados com o bem-estar animal, do compromisso com a sustentabilidade, da importância da proteína animal para a alimentação das pessoas (…) não teríamos lógica de estabelecer um projeto como esse”. “O outro lado é ruidoso, irresponsável, corporativo e nos coloca em uma situação de absoluto constrangimento”, completou, ao se referir a defensores do animais. O secretário afirmou ainda que Feliciano “teve quase 200 mil votos, acredite se quiser, defendendo animais.”

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Feliciano classifica a fala como “infeliz” e rebate qualquer negociação. Diz que havia um acordo entre parlamentares e governo de que apenas uma proposta de cada deputado seria votada – e a “Segunda Sem Carne” não era sua prioridade. “Havia indicado outros três projetos”, disse. “Foi ele (líder do governo, deputado Barroz Munhoz) quem escolheu aquele”, afirma. Já Munhoz afirma que havia três propostas de Feliciano. “As outras eram muito polêmicas, não tinham como ser colocadas em votação sem discussão.”

Assim, aquele texto foi encaminhado para a votação. “Não houve barganha. O que houve foi uma negociação democrática. É óbvio que o governo precisava aprovar o orçamento. A regra de um projeto por deputado existe há anos.”( Gustavo Porto, Camila Turtelli e Bruno Ribeiro)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.