A saca de 60 quilos de feijão de boa qualidade era vendida por R$ 160 na última sexta-feira (dia 2) nas áreas de produção do sudoeste paulista, que responde por 80% da produção estadual. É o maior preço histórico já alcançado pelo produto nos últimos 15 anos, segundo o engenheiro agrônomo Vandir Daniel da Silva, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado em Itapeva.
A alta de preço apenas na primeira semana de novembro quase atingiu a valorização que o produto teve durante todo o mês de outubro, quando o feijão acumulou aumento de 35,5%, passando de R$ 91,16 a saca para R$ 123,52, segundo pesquisa do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Para Vandir, a valorização decorre da escassez do produto, cuja produção foi prejudicada pela longa estiagem que afetou o Estado. "Tivemos 90 dias de seca e muitos produtores tradicionais deixaram de plantar", disse. Aqueles que haviam arriscado o plantio de sequeiro, em agosto, na expectativa das chuvas, perderam a semente e o preparo do solo.
Na região, maior produtora do Estado, a área de plantio caiu 50%. Apenas no município de Itapeva, a área cultivada com feijão baixou de 9 mil hectares para 6 mil em comparação com a safra das águas do ano passado. "Como não houve clima para o plantio do feijão, os produtores foram direto para as culturas de milho e soja", explicou Vandir.
Consumidor
Nos supermercados, o preço do feijão novo para o consumidor já chega a R$ 4 o quilo. A valorização do produto, no entanto, tem pouco efeito sobre a renda dos agricultores em geral. É que apenas aqueles que investiram em sistemas de irrigação conseguiram bom resultado na colheita. Em compensação, arcaram com um custo maior de produção.